07/08/2025 - 17:20
O dólar à vista fechou em baixa pela quinta sessão consecutiva nesta quinta-feira, à medida que os investidores equilibraram sentimento de alívio em relação à perspectiva para o impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos com uma cautela persistente.
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O dólar à vista fechou em baixa de 0,72%, a R$5,4235. Desde sexta-feira passada, a moeda acumulou queda de 3,2%.
Às 17h22, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,72%, a R$5,454 na venda.
Os movimentos do real nesta sessão permaneceram contidos em uma faixa restrita pela maior parte do dia, com os agentes financeiros se mantendo cautelosos diante da entrada em vigor, na quarta-feira, da tarifa de 50% do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
O mercado doméstico monitora o esforço do governo para negociar com Washington mais isenções à taxa punitiva, enquanto aguarda o anúncio de um plano de contingência para ajudar empresas e setores afetados pela tarifa de Trump.
Na última hora do pregão, entretanto, os ganhos do real sobre a divisa norte-americana se acentuaram, à medida que os investidores foram adotando uma visão mais otimista quanto ao futuro do impasse entre os dois parceiros, em meio à falta de novas notícias sobre o assunto.
Agentes consideraram positiva a confirmação pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na véspera de que terá uma conversa com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, na próxima quarta-feira, o que poderia encaminhar um entendimento.
Dólar em baixa global favorece moedas emergentes como o real
A moeda brasileira também segue bastante atrativa para investidores estrangeiros devido ao diferencial de juros do Brasil com os EUA, conforme crescem as apostas de que o Federal Reserve retomará os cortes da taxa de juros em setembro, na esteira de dados recentes fracos sobre o mercado de trabalho.
Em relação ao banco central dos EUA, Trump anunciou que o presidente do Conselho de Assessores Econômicos, Stephen Miran, vai cumprir o restante do mandato da diretora Adriana Kugler, que renunciou na semana passada. Ele ocupará o cargo até 31 de janeiro, quando deverá ser nomeado um substituto permanente.
“A gente está vendo uma nova rodada de enfraquecimento global do dólar e as moedas emergentes têm sido beneficiadas por essa desvalorização, em particular aquelas que possuem maior diferencial de juros”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Na cotação mínima do dia, o dólar marcou R$5,41645 (-0,85%), já nos minutos finais da sessão. Na máxima, a moeda alcançou R$5,4758 (+0,24%), às 12h10.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,11%, a 98,071.
Ibovespa sobe com balanços
O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, superando os 137 mil pontos no melhor momento, em meio à repercussão de uma bateria de balanços corporativos, com Eletrobras entre os destaques com salto de mais de 9% após divulgar lucro bilionário e anunciar dividendo intermediário.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,48%, para 136.527,61 pontos, após marcar 137.007,28 pontos na máxima e 134.533,45 pontos na mínima do pregão. O volume financeiro somou R$23,95 bilhões.
De acordo com o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal, o mercado brasileiro refletiu o ambiente global mais construtivo para emergentes, mas sobretudo a temporada de resultados domésticos, “que até aqui tem surpreendido positivamente”.
Uma nova leva de balanços está prevista para o final do dia, incluindo os resultados de Petrobras, B3, Assaí, Lojas Renner, Azzas 2154, Petz, Vivara, Rumo, entre outros.
No exterior, Wall Street começou a sessão com viés positivo, mas perdeu o fôlego, com o S&P 500 fechando com variação negativa de 0,08%, enquanto o Dow Jones caiu 0,51%. O Nasdaq encerrou com acréscimo de 0,35%.
Destaques do Ibovespa
Eletrobras (ELET3) saltou 9,47% e Eletrobras (ELET6) disparou 9,6%, após divulgar lucro líquido ajustado de R$1,47 bilhão no segundo trimestre, 43,3% superior ao lucro ajustado registrado no mesmo período do ano passado. O conselho de administração da elétrica também aprovou a distribuição de R$4 bilhões aos acionistas na forma de dividendos intermediários.
Smartfit (SMFT3) avançou 7,8%, após a rede de academias de ginástica divulgar lucro líquido recorrente de R$189 milhões no segundo trimestre, crescimento de 32% sobre o desempenho de um ano antes, com a base de clientes avançando 11%. A companhia disse que “segue confiante” em cumprir a previsão de aberturas de 340 a 360 academias este ano.
Suzano (SUZB3) valorizou-se 4,88%, em meio à análise do balanço do segundo trimestre, com lucro líquido de R$5,01 bilhões, bem como aumento da projeção de investimento da companhia para o ano em cerca de 7%. A Suzano também está avisando a clientes da Ásia, incluindo China, sobre aumento de US$20 por tonelada no preço da celulose para agosto.
Rede D’Or (RDOR3) fechou em alta de 4,42%, tendo no radar resultado do segundo trimestre com lucro líquido de R$1,05 bilhão, em desempenho um pouco acima do esperado por analistas. A administração da companhia reforçou sobre oportunidades de expansão de margem nos hospitais em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, conforme a equipe do UBS BB.
Hypera (HYPE3) caiu 3,74%, após o balanço da farmacêutica mostrar lucro de operações continuadas de R$426 milhões no segundo trimestre, queda de 13,4% sobre um ano antes. Executivos da companhia afirmaram que o foco no curto prazo é reduzir endividamento e que a empresa está trabalhando para lançar medicamento de semaglutida quando a patente cair.
Braskem (BRKM5) fechou em queda de 1,53%, renovando mínima em quase 10 anos no pior momento, após a maior petroquímica da América Latina reportar piora no resultado operacional no segundo trimestre, com nova queima de caixa. A companhia também negou planos de se desfazer de ativos nos EUA, citando que são parte integral da sua estratégia.
Petrobras (PETR4) avançou 0,56% antes da divulgação do balanço do segundo trimestre após o fechamento do mercado, que deve vir acompanhado de anúncio sobre dividendos. No exterior, o barril de petróleo do tipo Brent, usado como referência pela estatal, fechou com declínio de 0,69%. Petrobras (PETR3) subiu 0,71.
Vale (VALE3) fechou em alta de 0,63%, descolada da fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com declínio de 0,25%. No setor, CSN (CSNA3) subiu 1,25%, Usiminas (USIM5) avançou 1,37% e Gerdau (GGBR4) terminou com elevação de 1,31%.
Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 1,77%, com bancos como um todo no azul no Ibovespa. Santander Brasil (SANB11) fechou em alta de 1,22%, Bradesco (BBDC4) avançou 0,77%, Banco do Brasil (BBAS3) registrou elevação de 1,12% e BTG Pactual (BPAC11) valorizou-se 1,18%.
Qualicorp (QUAL3), que não faz parte da carteira teórica do Ibovespa, disparou 10,3%, após seu conselho de administração aprovar a venda de toda participação da companhia na Gama Saúde, especializada na oferta de planos coletivos administrados, por R$163,9 milhões.