08/07/2025 - 17:34
O dólar voltou cair no Brasil e encerrou nesta terça-feira, 8, novamente abaixo dos R$ 5,45, em uma sessão de modo geral mais favorável a moedas emergentes em todo o mundo, ainda que o presidente dos EUA, Donald Trump, tenha ameaçado aplicar novas tarifas de importação sobre produtos e países.
A moeda norte-americana à vista fechou com queda de 0,63%, aos R$ 5,4466. No ano, a divisa acumula baixa de 11,85%.
Às 17h03 na B3 o dólar para agosto — atualmente o mais líquido — cedia 0,81%, aos R$ 5,4765.
O Ibovespa fechou com um declínio modesto nesta terça-feira, com Petrobras atenuando a pressão negativa de papéis como WEG e BTG Pactual, enquanto agentes financeiros continuaram acompanhando o noticiário envolvendo as tarifas comerciais norte-americanas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,13%, a 139.302,85 pontos, tendo marcado 138.770,19 pontos na mínima e 139.590,92 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava R$ 18,5 bilhões.
O dólar no dia
Na segunda-feira o dólar havia subido mais de 1% ante o real após Trump ameaçar impor tarifas a países do Brics com políticas “antiamericanas”, além de estabelecer novas taxas a alguns parceiros comerciais, como Japão e Coreia do Sul.
Passado este primeiro impacto, o dólar despencou ante o real já no início da sessão desta terça-feira, acompanhando o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes e exportadores de commodities no exterior.
“Ontem o dólar ganhou valor e ficou estressado aqui por conta das tarifas, mas hoje o mercado já assimilou que Trump vai aplicar novas taxas em agosto, o que deu uma acalmada”, comentou João Oliveira, head da Mesa de Operações do Banco Moneycorp.
Ainda que Trump tenha feito novas ameaças tarifárias nesta terça-feira, inclusive para países do Brics, o dia foi de baixa para o dólar ante a maioria das divisas de emergentes e exportadores de commodities, incluindo o real, o rand sul-africano e o peso mexicano — moedas de países do Brics que, na véspera, haviam sido penalizadas.
Assim, após marcar a cotação máxima de R$5,4890 (+0,15%) às 9h00, na abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,4357 (-0,82%) às 15h56.
Internamente, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou durante a tarde a intenção da autarquia de buscar a meta contínua de 3% de inflação.
“Ao colocar a taxa de juros em 15%, dificilmente eu e os meus colegas do Copom vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025. Mas eu durmo muito tranquilo sabendo que o que eu estou fazendo é cumprir a meta e perseguir a meta, e tenho absoluta convicção que este é o papel do Banco Central”, disse Galípolo.
Pela manhã, em sua operação diária de rolagem, o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional.
No exterior, apesar de ceder ante boa parte das divisas de emergentes, o dólar sustentava ganhos ante o iene no fim da tarde, após o Japão ter sido penalizado na véspera pela artilharia tarifária de Trump. Com isso, às 17h15, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes, incluindo o iene — subia 0,13%, a 97,481.
O dia do Ibovespa
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta terça-feira que os países visados por suas chamadas tarifas “recíprocas” começarão a pagar as novas alíquotas em 1º de agosto e que não haverá prorrogações. A data foi estabelecida por decreto na véspera. O prazo anterior era 9 de julho.
Apesar do adiamento, novas ameaças e a falta de desfechos nas negociações mantiveram agentes financeiros melindrados, dado o risco de nova onda de volatilidade nos mercados.
Na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos, Willian Queiroz, o investidor ainda está aguardando como devem fechar negociações tarifárias para ter uma melhor avaliação de cenário.
Após começar a avisar os parceiros comerciais dos EUA na segunda-feira, entre eles Japão e Coreia do Sul, sobre os novos percentuais, Trump afirmou nesta terça-feira que países do grupo Brics receberão uma tarifa de 10% “muito em breve” e que está a poucos dias de enviar uma carta à União Europeia sobre tarifas.
Trump também prometeu anunciar uma tarifa de 50% sobre o cobre importado e afirmou que planeja anunciar tarifas sobre semicondutores e produtos farmacêuticos importados, dizendo que a taxa para medicamentos pode chegar a 200%, mas que daria às farmacêuticas cerca de um ano “para se organizarem”.
Em Wall Street, o S&P 500 encerrou com variação negativa de 0,07%, enquanto o Nasdaq apontou acréscimo de 0,03% e o Dow Jones cedeu 0,37%.
Em relação ao Brasil, para os estrategistas do Itaú BBA chefiados por Daniel Gewehr, o cenário pode continuar favorável para ações, à medida que o mercado começa a precificar um ciclo de afrouxamento monetário no país, ao mesmo tempo em que monitora possíveis mudanças no ciclo macroeconômico.
Em relatório enviado a clientes na noite de segunda-feira, eles elevaram o prognóstico para o Ibovespa a 155 mil pontos no final de 2025, de 145 mil pontos anteriormente. Em 2025, o Ibovespa acumulava até a véspera um ganho de quase 16%.
DESTAQUES
– WEG ON caiu 4,06%, no segundo pregão seguido de queda, ampliando as perdas no ano. Analistas do UBS BB consideraram negativo para a empresa o anúncio de Trump envolvendo tarifas nas importações norte-americanas de cobre, dada a exposição da WEG aos EUA.
– BTG PACTUAL UNIT cedeu 2,36%, pior desempenho entre os bancos do Ibovespa. ITAÚ UNIBANCO PN fechou com queda de 0,24%, BRADESCO PN encerrou com variação positiva de 0,24%, SANTANDER BRASIL UNIT apurou acréscimo de 0,41% e BANCO DO BRASIL ON caiu 0,27%.
– PETROBRAS PN avançou 1,43%, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior, que apoiou um dia positivo para o setor na bolsa paulista como um todo. BRAVA ENERGIA ON subiu 3,22%, PRIO ON valorizou-se 3,16% e PETRORECONCAVO ON ganhou 1,73%.
– VALE ON fechou com acréscimo de 0,35%, apoiada pelo fechamento positivo dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,14%, a 733 iuanes (US$102,21) a tonelada.
– AZZAS 2154 ON cedeu 3,92%, tendo no radar dados do IBGE mostrando queda de 0,2% nas vendas do varejo em maio ante abril, contra previsão no mercado de alta de 0,2%. O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) também mostrou declínio real nas vendas do setor em junho. LOJAS RENNER ON subiu 0,1%.
– AZEVEDO & TRAVASSOS ON, que não está no Ibovespa, disparou 8,16%, após a holding divulgar que consórcio entre a sua controlada Heftos e a Construtora Colares Linhares venceu licitação para contrato de R$1,76 bilhão com a Petrobras.