13/10/2025 - 18:06
Após disparar mais de 2% na sessão anterior, o dólar passou por ajustes no Brasil nesta segunda-feira, 13, e encerrou o dia abaixo dos R$ 5,50, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliviou o discurso em relação à China. A postura menos agressiva de Trump também ajudou o Ibovespa a fechar em alta nesta segunda, em linha com o tom positivo que embalou os mercados externos.
+ Pix na mira dos EUA: como o sistema virou alvo de Trump e das gigantes de cartões
A moeda norte-americana à vista fechou com baixa de 0,79%, aos R$ 5,4603. No ano, a divisa acumula queda de 11,63%. Veja cotações.
Às 17h03, na B3 o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 1,28%, aos R$ 5,4880.
Já o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, subiu 0,78%, a 141.783,36 pontos, após marcar 140.681,77 pontos na mínima e 142.302,81 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$ 14,67 bilhões.
O dólar no dia
Na sexta-feira, Trump anunciou uma tarifa de 100% sobre os produtos comprados da China e a imposição de controles de exportação ao país asiático de softwares críticos, em mais um episódio da guerra comercial entre as duas nações. Um dia antes, a China já havia elevado o controle sobre a exportação de terras raras — materiais essenciais para vários setores da indústria norte-americana.
No domingo, porém, Trump adotou um tom conciliador, dizendo que os EUA não querem prejudicar a China. Comentários do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, durante entrevista nesta segunda-feira reforçaram a mensagem de acomodação.
“Houve uma desescalada significativa da situação”, disse Bessent. “O presidente Trump disse que as tarifas não entrarão em vigor até 1º de novembro. Ele se reunirá com o presidente do partido, Xi (Jinping), na Coreia. Acredito que essa reunião ainda será realizada”, disse Bessent.
Em reação, os investidores foram em busca de ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes, entre elas o real, o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno.
O dólar à vista marcou a menor cotação da sessão, de R$ 5,4426 (-1,11%), às 14h46. Ainda assim, a divisa esteve longe de devolver todo o avanço visto na sexta-feira, após Trump ameaçar a China.
“A combinação de bolsas em alta, valorização de moedas emergentes e recuperação das commodities — especialmente petróleo e minério de ferro — favorece o real. O principal impulso vem do tom mais brando de Donald Trump em relação à China, após recuar da ameaça de impor tarifas de 100%, o que reduziu as tensões comerciais”, resumiu Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, em comentário escrito.
O feriado do Dia de Colombo nos Estados Unidos, que manteve o mercado de Treasuries fechado, limitou a liquidez global. No fim da tarde, às 17h06, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes — subia 0,25%, a 99,297, afetado pela queda do euro.
Pela manhã o Banco Central realizou dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) simultâneos, para rolagem do vencimento de 4 de novembro. Foram vendidos US$ 1 bilhão nas operações.
Além disso, o BC vendeu 40.000 contratos de swap cambial para rolagem do vencimento de 3 de novembro.
O dia do Ibovespa
Após ameaças tarifárias contra a segunda maior economia do mundo na sexta-feira, o que pressionou os mercados, Trump afirmou no fim de semana que “tudo ficará bem” com a China e que os Estados Unidos não querem “prejudicar” o país asiático.
Nesta segunda-feira, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que Trump está caminhando para se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul, e que houve comunicações substanciais entre os dois lados no fim de semana.
Na avaliação do analista Nícolas Merola, da EQI Research, o movimento do Ibovespa neste início de semana é um “repique” do observado na sexta-feira, refletindo as sinalizações de Trump sobre a China ao longo do fim de semana.
“Trump colocou panos quentes nessa história, falou que não quer, de forma nenhuma, afetar o seu principal parceiro comercial, fez de tudo para amenizar um pouco do impacto que ele tinha causado nos mercados na sexta-feira”, disse Merola.
Nesta segunda-feira, em Nova York, o S&P 500 fechou em alta de 1,56%.
DESTAQUES
– VALE ON subiu 1,49%, em linha com o movimento dos futuros do minério de ferro na China, após dados mostrarem que as importações de minério de ferro pela segunda maior economia do mundo em setembro aumentaram 10,6% em relação ao mês anterior, atingindo recorde para um único mês. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON ganhou 6,32%, liderando os ganhos da bolsa, recuperando-se após fortes perdas na sexta-feira. USIMINAS PNA avançou 6,35% e GERDAU PN subiu 2,13%.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,4%, em sessão mais positiva para bancos, com BRADESCO PN valorizando-se 0,42%, BANCO DO BRASIL ON subindo 1,31% e SANTANDER BRASIL UNIT tendo alta de 0,14%.
– PETROBRAS PN e PETROBRAS ON avançaram 0,97% e 0,94%, respectivamente, impulsionadas pela recuperação dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em alta de 0,94%, a US$63,32, após registrar mínimas em cinco meses na sessão anterior.
– BRAVA ENERGIA ON avançou 3,58%, em dia de recuperação após sete quedas seguidas, período em que acumulou uma perda de 13,5%. A companhia estimou que a interdição da produção na Bacia Potiguar devido à auditoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deve ter um impacto de 3.500 barris de óleo equivalente (boe) por dia na média do mês de outubro.
– PETRORECONCAVO ON subiu 2,96% após divulgar que concluiu a transação de farm-out com a Mandacaru Energia sobre a venda de 50% de sua participação e transferência da operação em sete concessões no Rio Grande do Norte. A transação, de US$5 milhões, envolve as concessões de Acauã, Baixa do Algodão, Fazenda Curral, Fazenda Malaquias, Pajeú, Rio Mossoró e Três Marias.
– MBRF ON recuou 4,16%, renovando mínimas desde o final de março. No começo de outubro, analistas da XP publicaram relatório sobre a companhia em que afirmaram ver um cenário desafiador para o momentum de resultados, citando as margens da carne bovina nos EUA pressionadas pelo atual ciclo do gado e a inevitável normalização das margens de frango no Brasil. No setor, nesta segunda-feira, MINERVA ON fechou em queda de 1,07% e JBS, listada nos EUA, caiu 0,87%.
– GPA ON caiu 3,03%, tendo como pano de fundo anúncio do varejista na noite de sexta-feira de que o conselho de administração aprovou por unanimidade a eleição do empresário André Coelho Diniz como presidente do colegiado da companhia. A família Coelho Diniz alcançou neste ano uma participação de 24,6% no GPA. No setor, ASSAÍ ON perdeu 2,07%.
– RAÍZEN PN caiu 2,03%, renovando mínima histórica de fechamento, a R$0,85. Na sexta-feira, a companhia, uma joint venture entre Cosan e Shell, afirmou que não está considerando qualquer forma de reestruturação de dívida ou pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. Analistas do UBS BB estimaram em relatório nesta segunda-feira que a Raízen precisa levantar de R$20 bilhões a R$25 bilhões para alcançar um nível de alavancagem alinhado ao de seus pares, de 2 vezes a 2,5 vezes a dívida líquida em relação ao resultado operacional medido pelo Ebitda. Em termos de timing, afirmaram não ver um problema imediato de liquidez para a Raízen.