14/08/2025 - 17:43
O dólar à vista fechou em leve alta ante o real nesta quinta-feira, 14, na esteira dos fortes ganhos da moeda norte-americana no exterior, mas oscilando em faixa estreita diante da cautela de investidores em meio ao contínuo impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,31%, a R$ 5,4179. Veja cotações.
Às 17h06, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,45%, a R$ 5,439 na venda.
Já o Ibovespa fechou com recuo tímido nesta quinta-feira, com a fase final da temporada de resultados ocupando as atenções, tendo Hapvida na ponta positiva após sinalização mais otimista para o segundo semestre, enquanto Raízen desabou com prejuízo bilionário em meio a forte aumento da dívida.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação negativa de 0,24%, a 136.355,78 pontos, tendo marcado 135.587,94 pontos na mínima e 137.436,74 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro do pregão somava R$ 22,7 bilhões antes dos ajustes finais.
O dólar no dia
Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo a força da divisa dos EUA nos mercados globais, depois que dados de inflação ao produtor acima do esperado no país mexeram com as apostas sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve neste ano.
O índice de preços ao produtor dos EUA teve alta de 0,9% em julho na base mensal, após registrar estabilidade no mês anterior e bem acima da projeção de ganho de 0,2% em pesquisa da Reuters com economistas. Em 12 meses, a inflação chegou a 3,3%, acelerando ante os 2,4% de junho.
O resultado trouxe à tona preocupações de analistas de que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, possam estar começando a afetar os preços no país, podendo atingir, em breve, os consumidores de forma mais ampla.
Com isso, operadores passaram a precificar chance de 93% de o Fed cortar os juros em 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG. Antes do relatório, as apostas indicavam que tal redução estava totalmente precificada.
Essa mudança de cenário impulsionou os rendimentos dos Treasuries ao longo do dia, o que, em consequência, valorizou o dólar ante seus pares. Rendimentos mais altos nos EUA tendem a tornar a moeda norte-americana mais atrativa para investidores estrangeiros.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,48%, a 98,188.
Ao longo de sessões recentes, com o mercado sob o impacto de dados de emprego fracos e números de inflação ao consumidor moderados nos EUA, o dólar sofreu uma onda global de fraqueza, ajudando a fortalecer uma série de moedas emergentes, incluindo o real.
Na terça-feira, o dólar havia atingido a mínima desde junho de 2024 frente à divisa brasileira, a R$5,3864.
Na cena doméstica, entretanto, ainda tem permanecido um sentimento de cautela diante das incertezas comerciais desde que Trump impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na semana passada, mesmo que excluindo uma série de bens.
Os agentes financeiros seguem acompanhando as tentativas do governo brasileiro de negociar com Washington para pelo menos ampliar a lista de isenções, mas o Executivo não tem tido sucesso em abrir canais de diálogo com os EUA.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na quarta-feira uma medida provisória que traça um plano de contingência para ajudar empresas afetadas pela tarifa norte-americana, incluindo uma linha de crédito de R$30 bilhões.
O dólar atingiu R$5,4295 (+0,52%) na cotação máxima do dia, às 15h06. A mínima da sessão foi de R$5,3947 (-0,12%), logo após a abertura.
Pela manhã, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.
O dia do Ibovespa
De acordo com analistas do Itaú BBA, no relatório Diário do Grafista, o Ibovespa saiu da tendência de baixa e encontra certa dificuldade em seguir em direção à sua máxima histórica.
“O Ibovespa superou a primeira resistência em 137.000 pontos e devolveu fechando abaixo novamente (na véspera). Esse é um sinal da indefinição do mercado no curto prazo”, afirmaram, destacando que as próximas resistências estão em 139.400 e 141.600 pontos.
“Do lado da baixa, o índice encontra suportes em 135.400, 134.400 e a região dos 131.500 pontos.”
DESTAQUES
– HAPVIDA ON avançou 8,29%, mesmo após o balanço do segundo trimestre mostrar queda de quase 70% no lucro, com executivos adotando tom otimista para o segundo semestre e afirmando que alguns dos fatores que pressionaram o resultado de abril a junho não devem se repetir nos próximos trimestres.
– GRUPO ULTRA ON subiu 4,01%, em meio a Ebitda ajustado de R$2,1 bilhões do segundo trimestre, de R$1,3 bilhão um ano antes, acima das previsões no mercado. O conglomerado, dono da rede de postos Ipiranga e da Ultragaz, anunciou R$326 milhões em dividendos intermediários.
– RAÍZEN ON desabou 12,5%, maior queda percentual diária já registrada pelo papel desde seu IPO em 2021, para uma mínima histórica de fechamento a R$1,05. A empresa teve prejuízo de R$1,8 bilhão no primeiro trimestre da safra 2025/26, enquanto a dívida líquida saltou para R$49,2 bilhões.
– BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 2,96% antes do balanço do segundo trimestre, que será conhecido após o fechamento do mercado. Investidores também aguardam divulgação de previsões suspensas na ocasião da publicação do balanço do primeiro trimestre e sobre dividendos.
– ITAÚ PN fechou com variação negativa de 0,13%, enquanto BRADESCO PN apurou declínio de 0,74% e SANTANDER BRASIL UNIT caiu 0,52%.
– VALE ON cedeu 1,24%, pressionada pelo recuo dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian caiu 2,94%. No setor, USIMINAS PNA caiu 7,19% e CSN ON perdeu 6,06%, enquanto GERDAU PN recuou 1,03%.
– PETROBRAS PN fechou com declínio de 1,28%, descolada da alta do petróleo no exterior, onde o barril do Brent encerrou com acréscimo de 1,84%. Relatório fiscal da estatal mostrou que a Petrobras recolheu R$131,7 bilhões aos cofres públicos no primeiro semestre do ano.
– JBS, que é negociada em Nova York, recuou 4,54%, com o resultado do segundo trimestre também no radar, além de anúncio de programa de recompra de ações. A companhia também comprou uma fábrica de alimentos processados em Ankeny, no Estado norte-americano de Iowa, e afirmou que investirá US$100 milhões no local.
– AZEVEDO E TRAVASSOS ON saltou 7,14%, após consórcio que tem um fundo da empresa entre os membros vencer nesta quinta-feira leilão da BR-060/364, trecho rodoviário de 490 quilômetros que liga Goiás ao Mato Grosso, com uma oferta de desconto de 19,70% sobre a tarifa básica de pedágio.