O dólar fechou em baixa ante o real nesta sexta-feira, 15, na esteira das perdas da moeda norte-americana no exterior, e acumulou queda semanal, depois que uma bateria de dados mistos nos Estados Unidos manteve as expectativas de que o Federal Reserve poderá cortar a taxa de juros já em setembro.

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O dólar à vista fechou em baixa de 0,34%, a R$ 5,3994. Na semana, a moeda acumulou queda de 0,64%.

Às 17h14, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,28%, a R$ 5,419 na venda. Veja cotações.

O Ibovespa fechou estável nesta sexta-feira, com agentes financeiros repercutindo uma nova batelada de resultados, incluindo os números de Banco do Brasil, cujas ações avançaram mesmo após tombo de 60% no lucro, enquanto Embraer pressionou negativamente.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com variação negativa de 0,01%, a 136.340,77 pontos, tendo marcado 135.583,07 pontos na mínima e 136.431,44 pontos na máxima do dia. Na semana, acumulou um ganho de 0,31%.

O volume financeiro nesta sexta-feira, também marcada pelo vencimento de opções sobre ações, somou R$24,6 bilhões.

O dólar no dia

Os movimentos do real nesta sessão tiveram como pano de fundo a fraqueza da divisa dos EUA nos mercados globais, conforme os agentes financeiros procuraram sinais sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve na divulgação de indicadores econômicos.

Entre os destaques do dia, as vendas no varejo dos EUA desaceleraram seu crescimento em julho, a 0,5%, ante alta de 0,9% no mês anterior, enquanto os preços de importação tiveram uma alta inesperada de 0,4%, após registrarem queda de 0,1% junho.

Apesar dos dados indicarem a possibilidade de estar havendo um maior impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a maior economia do mundo, não houve mudanças significativas nas projeções do mercado para as próximas decisões do Fed, o que pressionou o dólar globalmente.

Operadores continuam precificando uma alta chance, a 84%, de o banco central dos EUA reduzir os juros em 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG, abaixo dos mais de 90% observados ao longo da semana, mas ainda um patamar bastante elevado.

“Com os mandatos de emprego e estabilidade de preços (do Fed) sob pressão, há risco de que o primeiro corte de juros seja antecipado para setembro”, disseram analistas do banco Itaú em relatório divulgado mais cedo.

“A postura mais branda do comitê em momentos anteriores de desaceleração do emprego aponta para um risco relevante de antecipação do ciclo, principalmente caso o desemprego volte a subir nas próximas divulgações”, completaram.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,36%, a 97,833.

A moeda dos EUA também perdia ante pares do real, como o peso mexicano e o peso chileno.

Com isso, o dólar atingiu a mínima do dia ante o real, a R$ 5,3849 (-0,61%), às 10h08. A máxima da sessão foi de R$ 5,4076 (-0,19%), alcançada logo após a abertura.

No cenário externo, os mercados globais também estão de olho nos resultados de um encontro presencial entre Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Estado do Alasca, para discutir a guerra na Ucrânia.

A reunião será a primeira conversa cara a cara dos dois líderes desde que Trump retornou à Casa Branca. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, que não foi convidado para as discussões, e seus aliados europeus temem que Trump possa tentar forçar Kiev a fazer concessões territoriais.

Na cena doméstica, a sexta-feira teve uma agenda vazia, sem novidades sobre o principal ponto de atenção do mercado nacional: o contínuo impasse comercial entre Brasil e EUA.

O governo brasileiro segue em busca de negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre bens do país, mas não tem tido sucesso em abrir canais de diálogo com as autoridades norte-americanas.

Pela manhã, o Banco Central vendeu 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de setembro de 2025.

O dia do Ibovespa

Wall Street fechou sem uma direção única, com o Dow Jones em alta de 0,08%, mas o S&P 500 e o Nasdaq com sinal negativo, com o noticiário corporativo também ocupando as atenções, enquanto agentes seguem especulando sobre os próximos passos de política monetária do Federal Reserve.

DESTAQUES

– BANCO DO BRASIL ON avançou 4,03%, mesmo após tombo de 60% no lucro do segundo trimestre, pressionado pelo agro, enquanto o ROE desabou a 8,7%. O BB também atualizou projeções, com corte na previsão para lucro de 2025, enquanto reduziu o payout a 30%. A CEO afirmou que o terceiro trimestre ainda deve vir “estressado”, mas espera melhora no final do ano.

– EMBRAER ON caiu 4,21%, para uma mínima em cerca de duas semanas. Analistas do UBS BB elevaram o preço-alvo dos ADRs da companhia de US$39 para US$44, mas reiteraram a recomendação de venda para as ações, mesmo enxergando algumas melhoras, principalmente nas margens, no segundo trimestre.

– BRF ON avançou 5,62%, após a maior exportadora de frango do mundo reportar lucro de R$735 milhões no segundo trimestre, apesar dos impactos causados por um surto de gripe aviária em maio, que levou a restrições comerciais. A companhia disse que espera que China e União Europeia retomem importações de carne de frango do Brasil “em questão de dias ou semanas”.

– MARFRIG ON subiu 8,75%, também tendo no radar o balanço do segundo trimestre, com Ebitda ajustado de R$3 bilhões no período, queda de 10,8% na mesma comparação, mas acima da expectativa média de analistas de R$2,5 bilhões, segundo dados da LSEG. A empresa está em processo para incorporação das ações da BRF, na qual é o principal acionista atualmente.

– VALE ON recuou 0,19%, em dia de queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian fechou em queda de 1,08%, a 776 iuanes (US$108,03) a tonelada.

– PETROBRAS PN caiu 0,03%, tendo como pano de fundo o declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 1,5%.

– RAÍZEN PN caiu 0,95%, para R$1,04, nova mínima de fechamento, ainda pressionada por receios com o endividamento da empresa. O CEO da Cosan, que divide o controle da Raízen com a Shell, disse nesta sexta-feira que um novo sócio para a Raízen é uma opção que a companhia aprecia. COSAN ON, que também teve de pano de fundo o balanço trimestral, subiu 1,48%.

– NUBANK, que tem as ações listadas nos Estados Unidos, disparou 9,08%, após reportar lucro líquido de US$637 milhões no segundo trimestre, um aumento de 42% em relação ao ano anterior em uma base neutra de câmbio. O ROE atingiu 28%, igualando o nível divulgado no ano anterior. A receita líquida cresceu 40%, para US$3,7 bilhões entre abril e junho.

– BANRISUL PNB, que não está no Ibovespa, valorizou-se 7,95%, tendo no radar aumento de 52,7% ano a ano do lucro líquido do segundo trimestre, para R$377,7 milhões. A margem financeira subiu cerca de 10%, para R$1,64 bilhão, enquanto o ROE ajustado anualizado cresceu de 9,9% para 14,3%.