17/10/2025 - 17:35
Em um dia de agenda esvaziada de indicadores, o dólar emplacou nesta sexta-feira a terceira baixa consecutiva ante o real, se reaproximando dos R$5,40, enquanto no exterior a moeda norte-americana sustentou sinais mistos ante outras divisas de países emergentes.
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O dólar à vista fechou com baixa de 0,68%, aos R$5,4065. Na semana, a divisa acumulou queda de 1,77% e, no ano, recuo de 12,50%.
Às 17h05 na B3 o dólar para novembro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,88%, aos R$5,4240.
A moeda norte-americana oscilou entre altas e baixas ante o real durante a manhã, sem que o noticiário fornecesse gatilhos fortes para que firmasse uma tendência.
No exterior, os investidores seguiram operando em meio a preocupações com a guerra comercial entre Estados Unidos e China e sob a expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses — fatores que ao longo da semana pesaram sobre a moeda norte-americana.
No início do dia, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que sua proposta de tarifa de 100% sobre os produtos da China não seria sustentável, mas culpou o país asiático pelo mais recente impasse nas negociações comerciais. Trump também confirmou que se reunirá com o presidente chinês, Xi Jinping, em duas semanas, na Coreia do Sul.
Ainda que os comentários de Trump sugerissem algum alívio para os mercados globais, um novo fator de pressão atuou sobre os preços nesta sexta-feira: sinais de risco crescente entre alguns bancos regionais norte-americanos, como o Zions e o Western Alliance.
Neste cenário, o dólar registrava perdas ante moedas de proteção como o iene e o franco suíço, mas tinha sinais mistos ante divisas de países emergentes.
Em relação ao real, o dólar se firmou em baixa a partir do início da tarde, se reaproximando dos R$5,40 – marca superada na sexta-feira passada, quando Trump retomou as ameaças tarifárias contra a China.
“O dólar pulou de R$5,30 para R$5,50 em poucos dias”, lembrou o diretor da assessoria FB Capital, Fernando Bergallo, pontuando que o avanço das cotações no Brasil foi superior ao visto em outras praças.
Por isso, segundo ele, “naturalmente (aqui no Brasil) é onde (o mercado) vai devolver primeiro”.
Assim, após marcar a maior cotação do pregão, de R$5,4608 (+0,32%), às 10h19, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,4029 (-0,74%) às 14h59, para depois encerrar perto deste nível.
No exterior, às 17h11, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,18%, a 98,431.
Ibovespa avança em pregão com vencimento de opções e Prio em destaque
O Ibovespa fechou em alta, confirmando um desempenho semanal positivo, em um repique após um começo mais negativo em outubro, com Prio entre os destaques positivos do dia após retomar produção do FPSO Peregrino.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,84%, a 143.398,63 pontos, após marcar 143.424,48 na máxima e 141.247,97 na mínima do dia. Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 1,93%, mas no mês ainda perde 1,94%.
O volume financeiro nesta sexta-feira somou R$26,5 bilhões, em pregão marcado por vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.
De acordo com o superintendente da Necton/BTG Pactual, Marco Tulli Siqueira, a sexta-feira não trouxe novidades relevantes, com pregão refletindo algumas operações relacionadas ao exercício de opções.
Siqueira observou que mesmo com os ajustes no começo do mês números melhores sobre a inflação que têm alimentado expectativas de algum alívio na taxa Selic continuam apoiando um cenário favorável para as ações.
“A renda variável começa lentamente a ser vista”, acrescentou, ponderando que a liquidez permanece baixa. Até o final de setembro, o Ibovespa acumulava em 2025 uma valorização de quase 22%.
Analistas do Citi também citaram entre os argumentos para se ter uma alocação estratégica em ações brasileiras o nível elevado de juros no país, que abre espaço para um possível ciclo de corte já no início de 2026.
Wall Street fechou no azul, com investidores avaliando os últimos comentários do presidente dos Donald Trump sobre a China, enquanto os resultados trimestrais dos bancos regionais aliviaram as preocupações sobre os riscos de crédito.
Destaques do Ibovespa
Prio (PRIO3) avançou 5,61%, após divulgar que foi retomada nesta sexta-feira a produção do FPSO Peregrino, na esteira de autorização da agência reguladora ANP, que havia interditado o campo. A Prio afirmou que o processo de ramp up da produção no campo iniciará de imediato.
Weg (WEGE3) subiu 4,48%, ampliando a recuperação em outubro, após fechar setembro com tombo de mais de 29% no ano. O BTG Pactual reiterou compra para a ação, citando fundamentos de longo prazo sólidos e perspectivas de crescimento, apesar da fraqueza de curto prazo, que avaliam parcialmente precificada.
Raízen (RAIZ4) saltou 9,41%, após tocar mínima intradia na véspera (R$0,84). Analistas do JPMorgan citaram a ação entre os papéis com risco potencial de “short squeeze”, em razão de indicadores como taxa de aluguel e dias de cobertura. Em 2025, a ação cai 56,9% por receios sobre o endividamento.
Petrobras (PETR4) valorizou-se 0,95%, fornecendo um suporte relevante ao Ibovespa, em pregão com variações modestas dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent fechou com acréscimo de apenas 0,38%.
Banco do Brasil (BBAS3) encerrou com variação positiva de 2,6%, puxando o desempenho positivo do setor no Ibovespa. Bradesco (BBDC4) avançou 0,68%, Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 0,35% e Santander Brasil (SANB11) fechou com acréscimo de 0,68%.
Vale (VALE3) recuou 0,28%, em dia de declínio dos preços do minério de ferro na China. No setor de mineração e siderurgia, contudo, o destaque foi Gerdau (GGBR4), que subiu 1,87%. CSN (CSNA3) avançou 0,48% e Usiminas (USIM5) fechou em alta de 1,46%.
Totvs (TOTS3) fechou em queda de 1,71%, no quinto pregão seguido de baixa, ampliando a correção em outubro, após desempenho mais positivo em setembro.
Klabin (KLBN11) caiu 2,04%, após duas altas seguidas, enquanto Suzano (SUZB3) cedeu 0,36%.