O dólar à vista subiu ante o real nesta terça-feira, 26, na contramão dos movimentos da moeda norte-americana no exterior, conforme a preocupação com a inflação no Brasil ofuscou um movimento de venda de ativos dos Estados Unidos nos mercados globais.

+ Manga, batata e conta de luz mais barata: veja o que explica a 1ª deflação em 2 anos

O dólar à vista fechou em alta de 0,36%, a R$ 5,4339. Veja cotações.

Às 17h02, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,39%, a R$ 5,442 na venda.

Já o Ibovespa fechou com pouco oscilação, no campo negativo, com perdas de 0,18%, aos 137.771, 39 pontos.

O dólar no dia

Os movimentos do real nesta sessão estiveram concentrados em fatores domésticos, particularmente na reação dos agentes financeiros às surpresas altistas nos dados do IPCA-15 de agosto, divulgados mais cedo pelo IBGE.

O IPCA-15 teve queda de 0,14%, após avanço de 0,33% no mês anterior, registrando deflação em agosto pela primeira vez em dois anos graças à incorporação do chamado Bônus de Itaipu nas contas de energia e à queda nos preços dos alimentos.

Se em um primeiro momento o mercado nacional reagiu bem aos números, com o dólar chegando a recuar frente ao real na abertura, a análise mais aprofundada do relatório sugeriu um cenário mais pessimista para a inflação no país.

“Do ponto de vista do qualitativo, os dados registraram uma leve piora na passagem de julho para agosto. Itens importantes e monitorados pelo Banco Central apresentaram uma alta acima do esperado”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Ao longo do dia, na esteira do crescente incômodo com os dados de inflação, os investidores passaram a vender a moeda brasileira, em um sinal de desconfiança na capacidade do país de controlar a alta dos preços.

“Abrimos o dia com o mercado aliviado com o IPCA-15, que foi uma deflação, ainda que acima do esperado. Mas aí o mercado avaliou também que foi um ajuste pontual e não recorrente, por isso que o dólar virou”, afirmou Santiago Schmitt, especialista em renda fixa da Manchester Investimentos.

Na cotação máxima do dia, o dólar atingiu R$5,44928 (+0,64%), às 13h32. A mínima de R$5,3994 (-0,28%) foi atingida logo após a abertura.

No cenário externo, por outro lado, o dia foi de queda da moeda norte-americana ante seus principais pares, à medida que os investidores se afastaram dos ativos dos EUA na esteira da tentativa do presidente dos EUA, Donald Trump, de demitir a diretora do Federal Reserve Lisa Cook.

Trump pediu que Cook renunciasse em 20 de agosto, depois que o diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional dos EUA, William Pulte, acusou-a de reivindicar duas de suas hipotecas como residências principais. A diretora respondeu que o presidente não tem autoridade de demiti-la.

Desde que Trump retornou à Casa Branca em janeiro, ele vem pressionando as autoridades do Fed a reduzirem a taxa de juros, o que ainda não aconteceu, despertando nos mercados a preocupação de desgaste da independência do banco central.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,21%, a 98,265.