29/09/2025 - 17:40
O dólar voltou a ceder ante o real nesta segunda-feira, 29, enquanto o Ibovespa renovou novamente o recorde do patamar intradia aos atingir os 147.558,22 pontos, mas que não se manteve até o fechamento, em alta, porém pressionado por queda da Petrobras.
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A queda do dólar foi em sintonia com o recuo da moeda norte-americana no exterior, em meio ao receio de que possa haver uma paralisação parcial do governo norte-americano, caso o Congresso dos EUA não chegue a um acordo sobre o orçamento até esta terça-feira, 30.
O dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,35%, aos R$ 5,3197. No ano, a divisa acumula queda de 13,91%.
Às 17h04, na B3, o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,58%, aos R$ 5,3240. Veja cotações.
Já o Ibovespa fechou em alta nesta segunda, renovando máxima histórica intradia no melhor momento do pregão, mas o fôlego arrefeceu com movimentos de realização de lucros e queda relevante das ações da Petrobras na esteira do forte declínio dos preços do petróleo no exterior.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,61%, a 146.336,80 pontos. Na máxima do dia, chegou a 147.558,22 pontos, novo topo histórico intradia. Na mínima, marcou 145.446,71 pontos.
O volume financeiro somava R$ 15,5 bilhões antes dos ajustes finais, contra uma média diária de R$ 22,3 bilhões em setembro e de R$ 23,8 bilhões em 2025.
O dólar no dia
O dólar engatou perdas ante o real já no início da sessão, acompanhando o sinal negativo vindo do exterior, onde a moeda norte-americana cedia em meio ao risco de paralisação do governo dos EUA. Ainda que o financiamento esteja prestes a expirar, nesta terça-feira, os republicanos e democratas no Congresso dos EUA não dão sinais de que concordarão com uma solução temporária para os gastos.
Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$5,3052 (-0,63%) às 10h42, acompanhando o recuo da moeda ante a maior parte das demais divisas no exterior. No restante da sessão o dólar recuperou parte da força, mas ainda assim encerrou em queda ante o real.
Entre os eventos do dia, destaque para comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante o evento Itaú Macro Day, em São Paulo.
Galípolo descartou mudanças na abordagem atual da instituição em relação às reservas cambiais e ao estoque de swaps, reforçando que o câmbio no Brasil é flutuante e que a instituição atua para corrigir disfuncionalidades.
“Não há nenhum objetivo ou preocupação no sentido de recomposição de reservas ou mudanças em swaps”, disse Galípolo, acrescentando que o BC tem reservas robustas para responder a qualquer disfuncionalidade no mercado de câmbio.
Questionado sobre o déficit atual da conta corrente brasileira, Galípolo afirmou que o resultado demonstra que a demanda interna segue elevada.
No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo não está fazendo ajuste fiscal vendendo patrimônio, acrescentando que continuará a perseguir as metas fiscais estabelecidas, tanto para 2025 quanto para 2026.
“A meta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)… está sendo perseguida com todo o esforço”, afirmou Haddad sobre o objetivo de 2025. “Para 2026 vai ser igual”, acrescentou.
No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em baixa. Às 17h11 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,20%, a 97,952.
O dia do Ibovespa
Estrategistas do Santander avaliam que o cenário global continua favorável para os mercados emergentes e, em particular, para o Brasil, destacando que o fluxo de capital externo segue positivo, mas que há investidores locais reduzindo taticamente a exposição em ações ou rotacionando para setores mais defensivos.
Na visão de Aline Cardoso e Guilherme Motta, o Ibovespa pode experimentar uma “pausa” em outubro antes de retomar sua trajetória de alta. Em setembro, o Ibovespa soma uma alta de 3,48%. No ano, alcança uma valorização de 21,66%.
“Com isso em mente, nosso portfólio recomendado para outubro adota uma postura um pouco mais cautelosa: reduzimos o beta (ações com variações mais amplas do que o mercado) e diminuímos a exposição a papéis que tiveram ganhos expressivos nos últimos meses”, afirmaram em relatório com data de domingo.
Dados da B3 mostram que o saldo de capital externo na bolsa paulista em setembro está positivo em R$4,78 bilhões até o dia 25, com a entrada líquida no ano alcançando R$26 bilhões.
O estrategista Felipe Paletta, da EQI Research, chamou a atenção para o volume baixo do pregão no dia, citando uma sessão sem muitos gatilhos, enquanto o mercado aguarda dados do mercado de trabalho norte-americano na semana, que podem ajudar a definir as apostas sobre os próximos passos do Federal Reserve.
Ele destacou, contudo, a nova revisão para baixo em projeções para a inflação da pesquisa Focus como mais um componente positivo para a bolsa paulista, uma vez que tem ajudado a aumentar a expectativa entre agentes financeiros de um potencial corte na taxa Selic no começo de 2026.
DESTAQUES
– ELETROBRAS PNB subiu 4,3% e ELETROBRAS ON avançou 3,93%, renovando máximas históricas. Analistas do Bradesco BBI reiteramos Eletrobras como uma das principais recomendações no setor de utilidade pública, ao lado de Sabesp, com novos preços-alvo para o final de 2026 de R$83 para as ações PNB e de R$75 para os papéis ON. Eles citam entre os argumentos que veem a Eletrobras bem-posicionada para capturar o ciclo estrutural de valorização da energia elétrica, com ativos de geração que se tornam cada vez mais estratégicos em um cenário de oferta restrita e demanda crescente.
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 0,57%, após alcançar R$39,36 no melhor momento (+1,78%), novo topo intradia. Analistas da XP Investimento reiteraram recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$45, após evento com representantes do banco, do qual saíram com uma visão construtiva sobre o case de investimento. No setor, tendo como pano de fundo também dados de agosto de crédito divulgados pelo Banco Central, BRADESCO PN subiu 1,02%, SANTANDER BRASIL UNIT avançou 1,69% e BANCO DO BRASIL ON encerrou com variação positiva de 0,05%.
– PETROBRAS PN recuou 1,36% e PETROBRAS ON perdeu 1,89%, no terceiro pregão de seguido no vermelho, pressionadas nesta sessão pelo declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sob contrato Brent fechou em baixa de 3,08%. No setor, BRAVA ON encerrou com queda de 0,98%, PETRORECONCAVO ON caiu 1,38% e PRIO ON apurou retração de 0,84%.
– BRASKEM PNA caiu 5,13%, ainda refletindo receios no mercado após anúncio de que contratou assessores para avaliar opções para sua estrutura de capital. Analistas do BTG Pactual veem um risco de diluição para acionistas da petroquímica “firmemente” presente. Eles citaram que a companhia continua em uma posição delicada, com os spreads petroquímicos sem sinais de recuperação, enquanto a recente decisão de contratar assessores para avaliar alternativas adiciona mais um elemento de preocupação ao sugerir que uma conversão de dívida em ações ou estruturas alternativas não podem ser descartadas.
– VALE ON avançou 0,33%, mesmo com a queda dos futuros do minério de ferro na China. No setor de mineração e siderurgia, CSN MINERAÇÃO ON subiu 3,95%, com a controladora CSN ON fechando em alta de 0,63%, enquanto GERDAU PN valorizou-se 0,84% e USIMINAS PNA encerrou com acréscimo de 0,57%.
– MAGAZINE LUIZA ON recuou 5,09%, revertendo os ganhos de parte da sessão, quando chegou a registrar valorização de 7,24%, ampliando a alta no mês para 46,52%. De acordo com relatório da Ágora Investimentos, contudo, o papel está entre as ações com maior taxa de aluguel, de 22,63%, conforme dados de sexta-feira.
– AMBIPAR ON, que não está no Ibovespa, saltou 21,47%, em mais um dia de recuperação após fortes perdas na semana passada, em meio a preocupações sobre a companhia após decisão favorável da Justiça do Rio de Janeiro na semana passada sobre pedido de medida cautelar contra credores.