30/05/2025 - 18:37
O dólar fechou a sexta-feira com alta firme e novamente acima dos R$ 5,70, em sintonia com o avanço da moeda norte-americana no exterior após novos atritos comerciais entre Estados Unidos e China, em sessão marcada ainda pela disputa no Brasil pela formação da taxa Ptax de fim de mês.
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O dólar à vista fechou em alta de 0,96%, aos R$ 5,7205. Na semana, a divisa acumulou elevação de 1,30% e, no mês, avanço de 0,78%. Às 17h26, na B3, o dólar para julho — que passou a ser o mais líquido nesta sexta-feira — subia 0,94%, aos R$ 5,7590.
Desde cedo os negócios com moedas foram impactados por declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, acusando a China de violar um acordo entre os dois países para reduzir mutuamente as tarifas e as restrições comerciais sobre minerais essenciais.
Os receios em torno da guerra tarifária entre EUA e China penalizaram ativos de países emergentes ao redor do mundo, incluindo o real.
“O dólar está subindo lá fora, e é claro que o mercado no Brasil anda junto com este movimento”, comentou durante a tarde João Oliveira, head da mesa de operações do Banco Moneycorp, ao justificar o avanço da moeda norte-americana ante o real.
“Também continuamos com a discussão sobre o IOF, que não acabou e não deve acabar tão cedo. A semana foi inteira impactada por isso, e hoje continua”, acrescentou.
Na semana passada o governo Lula anunciou elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para uma série de operações cambiais e de crédito, para aumentar a arrecadação e, deste modo, cumprir sua meta fiscal.
Ainda que o governo tenha voltado atrás em algumas medidas, as demais seguem ameaçadas pela ação do Congresso, que pressiona pela derrubada do decreto que alterou alíquotas do imposto.
Tanto o mercado de renda fixa quanto o de câmbio seguiram operando nesta sexta-feira atentos às discussões sobre o IOF.
Ibovespa fecha em queda com realização de lucros
O Ibovespa fechou em queda, com o viés externo desfavorável a risco endossando movimentos de realização de lucros, conforme encerrou mais um mês com desempenho acumulado positivo, período em que renovou máximas históricas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,09%, a 137.026,62 pontos, contabilizando perda de 0,58% na semana, mas alta de 1,45% em maio.
Na máxima do dia, o Ibovespa marcou 138.637,35 pontos. Na mínima, foi a 136.725,85 pontos. O volume financeiro no pregão somou R$31,28 bilhões.
“Após mais um mês de rali positivo para as ações brasileiras, o Ibovespa corrigiu parte dos ganhos recentes”, afirmou o analista-chefe da Levante Inside Corp, Eduardo Rahal.
Novas ameaças na disputa comercial entre Estados Unidos e China corroboraram a cautela, com a Casa Branca afirmando que prepara novas ações contra Pequim após o presidente Donald Trump acusar o país asiático de violar um acordo com Washington.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou estável, tendo ainda no radar dados de abril sobre a inflação nos EUA.
“Trump reacendeu o risco de uma guerra comercial ao acusar a China de violar o acordo tarifário firmado recentemente. Isso gerou uma nova onda de aversão ao risco”, afirmou o especialista em investimentos Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.
Destaques do Ibovespa
- Vale caiu 2,53%, em dia de queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com declínio de 0,43%. A mineradora também teve um pedido negado para aumentar seu consumo de energia elétrica no polo de produção de níquel de Onça Puma (PA), após perder um prazo regulamentar para confirmar a solicitação.
- Petrobras recuou 1,09% e PETROBRAS ON cedeu 1,32%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent fechou em baixa de 0,39%.
- Itaú teve decréscimo de 0,16%, em sessão mista para os bancos do Ibovespa. BRADESCO PN avançou 0,75%, mas BANCO DO BRASIL ON cedeu 1,18% e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 0,27%. O CMN e o BC aprovaram resoluções que introduzem requerimentos prudenciais individuais a conglomerados de instituições financeiras em critérios de gestão de riscos, liquidez e capital.
- Azzas 2154 avançou 3,71%, com analistas do UBS BB reiterando a recomendação de compra para a ação e elevando o preço-alvo de R$37 para R$54 após revisar para cima as previsões para os lucros da varejista de moda em 2025 e 2026. “Um controle de custos mais rigoroso e ganhos de eficiência contínuos deverão continuar a apoiar a rentabilidade”, afirmaram Vinicius Strano e equipe em relatório a clientes.
- Magazine Luiza subiu 1,54%, após obter US$50 milhões com o banco multilateral de desenvolvimento BID Invest. A transação é complementar à captação realizada este ano junto à International Finance Corporation (IFC), ligada ao Banco Mundial, de US$130 milhões. Os recursos serão utilizados para financiar a maior parte dos investimentos em tecnologia.
- Gerdau fechou em baixa de 3,17%, em mais um dia de queda do setor; persistem preocupações com importações de produtos siderúrgicos, em meio a um ambiente de sobreoferta global. CSN ON perdeu 3,85% e USIMINAS PNA caiu 0,57%.
- Méliuz, que não faz parte do Ibovespa, caiu 9,07%, após anunciar uma oferta primária de ações inicialmente da ordem de R$150 milhões — mas que pode ser ampliada em até 200% — para levantar recursos para a aquisição de bitcoins. A operação tem precificação prevista para ocorrer em 12 de junho.