19/06/2024 - 10:18
O dólar opera em alta frente ao real nas negociações desta quarta-feira, 19, em sessão que precede a divulgação da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre a taxa básica de juros no fim da tarde, com ampla expectativa dos analistas de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano, em meio aos aumentos das incertezas nos cenários doméstico e externo.
Perto das 11h10, o dólar à vista subia 0,58%, a R$ 5,471 na venda. Já o Ibovespa recuava 0,42%. Veja cotações.
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Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4339 na venda, atingindo a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023, em uma sessão marcada pela repercussão de entrevista do presidente Lula pela manhã.
No cenário externo, as negociações mostravam estabilidade em meio ao fechamento do mercado norte-americano por conta de um feriado nacional.
O que move os mercados
Todas as atenções do mercado nesta quarta-feira se voltam para a decisão do Copom, que será divulgada a partir das 18h.
O foco será na forma como cada membro do BC votará, à medida que o mercado tenta projetar o futuro da política monetária brasileira após o término do mandato do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, no fim do ano.
Na última reunião, em maio, houve uma divisão entre os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que votaram em um corte de 0,5 ponto percentual, e os diretores remanescentes da gestão de Jair Bolsonaro, que formaram maioria por uma redução de 0,25 ponto.
A manutenção da Selic no patamar atual encerraria uma sequência de sete cortes consecutivos nos juros.
Uma Selic mais alta torna o real mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimos em países com taxas baixas e aplicam os recursos em mercados mais rentáveis, de forma a lucrar com o diferencial de juros.
Mas a divisa norte-americana tem acumulado ganhos contínuos nas sessões recentes por conta das dúvidas dos investidores em relação ao compromisso do governo com as contas públicas.
“A gente vê um viés cada vez mais forte de corte de juros lá fora. Porém, a gente não vem fazendo nosso trabalho de casa. O governo vem gastando mais do que pode”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “A gente sabe que o dólar acaba influenciando em uma cadeia bem grande e impulsionando a inflação”, acrescentou.
Ataques de Lula
Lula atacou Campos Neto ao comentar sobre a política monetária e não indicou alternativas concretas sobre como se dará o ajuste fiscal no país, afirmando apenas que nada pode ser descartado no momento.
Em meio às derrotas do governo no Congresso em seus esforços para elevar a arrecadação federal, o mercado tem pressionado pela revisão de gastos orçamentários a fim de que a meta de zerar o déficit primário neste ano seja atingida.
A disputa interna sobre cortes de gastos, medida defendida pela equipe econômica, mas vista com resistência por outros membros do governo, tem ajudado o dólar em seus ganhos frente ao real.