08/09/2017 - 20:29
O dólar intensificou o movimento de queda nesta sexta-feira, 8, derrubado por uma série de fatores: a aproximação do furacão Irma do Estado americano da Flórida; a possibilidade de novos testes de mísseis pela Coreia do Norte; e a perspectiva em torno da política monetária dos Estados Unidos, com diversas mudanças previstas no Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
No fim da tarde em Nova York, o dólar recuava para 107,75 ienes e o euro subia para US$ 1,2035. Já o índice do dólar DXY, uma medida da moeda americana ante outras seis moedas principais, chegou a cair ao menor nível desde 4 de janeiro de 2015, na mínima do dia, de 91,011.
Dúvidas em relação ao futuro do Fed ganharam força nesta semana, após o vice-presidente da instituição, Stanley Fischer, divulgar uma carta em que pede demissão do cargo. Com a saída do dirigente em outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, terá três indicações a fazer, além da de Randal Quarles, o único nomeado pelo republicano para o quadro de diretores do Fed até o momento.
O cargo de presidente do Fed, atualmente ocupado por Janet Yellen, também está indefinido. Trump já afirmou, repetidas vezes, que pode reconduzir Yellen, no entanto, o até então favorito, Gary Cohn, que comanda o Conselho Econômico Nacional, foi praticamente descartado devido a comentários negativos feitos contra a resposta de Trump a atos violentos em Charlottesville. O presidente, repetidas vezes, afirmou ser favorável a um dólar mais fraco e a juros mais baixos.
Uma queda acentuada do dólar poderia mudar a perspectiva em torno da economia dos EUA, elevando preocupações sobre as avaliações dos mercados acionários e complicando a estratégia de política monetária do Fed. Caso a moeda americana tenha uma forte queda, os receios de que a inflação se acelerará além do ritmo moderado antecipado pelos dirigentes do banco central podem ganhar força.
O declínio contínuo do dólar indica “que os investidores estão perdendo a confiança na direção que os EUA estão indo”, disse o gerente de portfólio da Amundi Pioneer Asset Management, Paresh Upadhyaya. Acreditando que a queda da moeda americana irá continuar, o Upadhyaya aposta no euro, que ganhou força após o discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, após dizer que a instituição irá avaliar o programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) na reunião de política monetária a ser realizada em outubro.
A possibilidade de novos testes de mísseis a serem realizados neste fim de semana pela Coreia do Norte também impôs um limite no avanço do dólar. Soma-se a isso a aproximação do furacão Irma, o mais poderoso já visto no atlântico, do Estado americano da Flórida. A tormenta deve chegar nos EUA no domingo.
Analistas, no entanto, ressaltam que o declínio na moeda americana marca um potencial impulso para os mercados acionários do país. “Um dólar mais fraco fortalece as perspectivas de lucros das empresas dos EUA”, afirmou o gerente de portfólio sênior do Morgan Stanley Investment Management, Andrew Slimmon, acrescentando que as empresas com maior porcentagem de ganhos estrangeiros seriam mais beneficiadas.