Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar oscilava entre leves altas e baixas contra o real nesta terça-feira, conforme investidores monitoravam o noticiário em torno da guerra na Ucrânia e em meio a temores de que eventuais medidas do governo para controlar os preços dos combustíveis possam afetar a credibilidade fiscal do Brasil.

Às 10:14 (de Brasília), o dólar à vista operava estável, a 5,0794 reais na venda. A divisa norte-americana mudou de sinal várias vezes ao longo da primeira hora de negociações, oscilando entre 5,0955 reais na máxima (+0,31%) e 5,0613 reais (-0,36%) na mínima do dia.

Na B3, às 10:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,61%, a 5,1145 reais.

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Vários participantes do mercado mostravam preocupação nesta terça-feira com a alta dos preços do petróleo. Os futuros do Brent chegaram a superar os 139 dólares por barril na véspera pela primeira vez desde 2008 e, nesta manhã, eram negociados em torno dos 126 dólares por barril, em meio a temores de que a guerra na Ucrânia e sanções contra a Rússia minem a oferta global.

Com o petróleo disparando no exterior, o presidente Jair Bolsonaro disse na segunda-feira que o governo federal prepara medidas para combater a alta dos preços dos combustíveis e afirmou que a paridade entre o valor do barril de petróleo no mercado internacional e o preço de combustíveis praticados nas bombas dos postos no Brasil “não pode continuar”.

Um plano estudado pelo governo inclui a implementação de um programa de subsídio, embora uma fonte tenha dito à Reuters que a equipe econômica é totalmente contra essa medida.

Em nota, analistas da Genial Investimentos disseram que eventual subsídio aos combustíveis poderia levar a um aumento do déficit primário, o que preocupa do ponto de vista fiscal, mas ponderaram que o desconforto dos mercados com tal medida não seria tão grave quanto o visto no fim do ano passado, quando a regra do teto de gastos foi alterada sob a PEC dos Precatórios.

“O teto era uma âncora fiscal estrutural, de longo prazo, enquanto o subsídio pode ser definido por tempo limitado e com custo definido”, explicaram.

Ao mesmo tempo que traz preocupações, o preço mais elevado de algumas commodities também tem sido apontado por especialistas como fator de apoio para a moeda brasileira no curto prazo, já que tende a elevar o ingresso de dólares em países exportadores.

Até agora em 2022, o dólar acumula baixa de cerca de 8,9% contra o real, desvalorização atribuída também ao patamar elevado da taxa Selic, que torna investimentos em renda fixa mais atraentes para estrangeiros.

Mas Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos, escreveu que, se o Brasil não conseguir manter fundamentos mais positivos em relação aos pares internacionais, pode ser colocados na mesma cesta que “Turquia, África do Sul, Rússia e afins”.

“Assim, é extremamente importante ao país mostrar austeridade e tomar cuidado em como as medidas serão executadas. Caso contrário, teremos que lidar com pressão elevada em nossos ativos financeiros, com impacto não desprezível na economia.”

No exterior, o índice da divisa norte-americana contra uma cesta de seis rivais fortes caía 0,06%, enquanto o dólar australiano –sensível aos preços das commodities– recuava 0,5%, pausando um rali que o impulsionou a um pico em quatro meses na segunda-feira.

A moeda norte-americana à vista encerrou o último pregão com variação positiva de 0,02%, a 5,0795 reais na venda.

Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 2 de maio de 2022.

(Edição de José de Castro)

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