Depois de quase atingir os 5,80 reais nesta quarta-feira, o dólar perdeu força no Brasil e fechou a sessão praticamente estável, após comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, trazerem um pouco de alívio para as cotações, em um cenário de queda da moeda norte-americana no exterior.

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O dólar à vista fechou o dia em leve alta de 0,03%, cotado a 5,7640 reais. Este é o maior valor de fechamento desde 29 de março de 2021, quando encerrou em 5,7681 reais. Em outubro, a divisa acumula elevação de 5,78%.

Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro para novembro caía 0,03%, a 5,7605 reais na venda. Veja cotações.

O Ibovespa fechou praticamente estável nesta quarta-feira, sem novidades concretas em relação ao pacote fiscal prometido pelo governo federal, enquanto, na cena corporativa, as ações da WEG recuaram mais de 5% após a divulgação do resultado trimestral, mesmo com uma alta de 20% no lucro líquido.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,07%, a 130.639,33 pontos, tendo marcado 131.026,92 pontos na máxima e 130.472,6 pontos na mínima da sessão.

O volume financeiro somou R$ 16,96 bilhões, mais uma vez abaixo da média diária do ano, de R$ 23,4 bilhões.

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O dólar no dia

O dólar foi impulsionado no início do dia por dados fortes sobre a economia dos EUA. O Relatório Nacional de Emprego da ADP informou que foram abertas 233.000 vagas de emprego no setor privado dos EUA em outubro, após 159.000 em setembro, em dado revisado para cima. Economistas consultados pela Reuters previram aumento de 114.000 postos de trabalho.

O número deu força aos rendimentos dos Treasuries naquele momento, em meio à leitura de que, com uma economia forte, o Federal Reserve não terá espaço para promover tantos cortes de juros — o que por sua vez favorece o dólar. Neste cenário, o dólar à vista se aproximou dos 5,80 reais no Brasil: às 10h27, já após os números norte-americanos, a moeda atingiu a máxima de 5,7913 reais (+0,50%).

“A desvalorização (do real) chegou a ser pior mais cedo, depois do relatório ADP, que veio mais forte que o esperado. Ele mostrou um dado bem robusto, depois de um relatório Jolts ontem um pouco mais fraco do que se pressupunha”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

O fato de esta quarta-feira ser véspera de formação da Ptax de fim de mês também deixava o mercado brasileiro suscetível a movimentos técnicos.

Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).

Ainda pela manhã, no entanto, o dólar perdeu força e se reaproximou da estabilidade, com o mercado reagindo positivamente a comentários de Haddad em Brasília.

Em entrevista a jornalistas, o ministro afirmou que houve convergência com a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas. Ele disse ainda que o plano passa por análise jurídica e não deu um prazo para apresentação, nem um valor do impacto.

Segundo ele, será “o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido”. “As despesas obrigatórias, (o governo) tem que encontrar uma forma de caberem dentro do arcabouço, é isso que vai dar sustentabilidade”, disse Haddad.

Apesar da falta de detalhes, o comentário de que há convergência entre Casa Civil e equipe econômica sobre o fiscal trouxe certo alívio ao mercado, com o dólar e as taxas dos DIs perdendo força.

No fim da tarde o dólar ainda renovou mínimas ante o real, em sintonia com a queda da moeda norte-americana ante boa parte das demais divisas no exterior. Às 16h45, o dólar à vista marcou a mínima de 5,7550 reais (-0,13%), para depois encerrar praticamente estável.

No exterior, às 17h22 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,16%, a 104,080.

No fim da manhã o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.

O dia do Ibovespa

Ao longo do dia os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa, reiteraram o compromisso do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o equilíbrio fiscal, mas sem detalhar qualquer medida, o que manteve agentes financeiros reticentes.

Haddad afirmou que houve convergência com a Casa Civil em torno da elaboração de medidas para controle de despesas públicas, e que elas terão “o impacto necessário para o arcabouço ser cumprido”. Acrescentou, no entanto, que o plano passa por análise jurídica e não deu prazo para apresentação.

No exterior, uma bateria de divulgações nos Estados Unidos ocupou as atenções, incluindo números da ADP acima do esperado sobre a criação de empregos no setor privado em outubro e um crescimento sólido do PIB no terceiro trimestre, enquanto o desfecho da disputa presidencial continua no radar,

Em Wall Street, o S&P 500 encerrou em baixa de 0,33%, mesmo com a repercussão favorável ao balanço da Alphabet. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA marcavam 4,2923% no final da tarde, de 4,274% na véspera e 4,198% na mínima da sessão.

 

DESTAQUES

– WEG ON caiu 5,16%, mesmo após alta de 20% no lucro líquido do terceiro trimestre ano a ano, com expansão de margem Ebitda nessa mesma base. O Citi chamou a atenção para o aumento nas despesas gerais e administrativas (SG&A), mas manteve a recomendação de compra. A ação fechou na véspera em uma máxima desde o último dia 16, quando marcou topo histórico. Apesar da queda na sessão, o papel ainda sobe cerca de 57% em 2024.

– CARREFOUR BRASIL ON avançou 3,32%, na terceira alta seguida, mas ainda soma uma perda de quase 22% no mês. No setor, GPA ON subiu 2,63% e ASSAÍ ON valorizou-se 1,72%. Outros papéis de varejo também tiveram um dia mais positivo em meio ao viés de baixa nas taxas do DI, como MAGAZINE LUIZA ON, que ganhou 4,01%, tendo ainda no radar dados forte do mercado de trabalho no país.

– PETROBRAS PN cedeu 0,44%, perdendo o fôlego ao longo do pregão e descolando dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em alta de 2,01%. Fontes afirmaram à Reuters que o plano estratégico da estatal para o período de 2025 a 2029, que está em fase final de elaboração e será divulgado ao final de novembro, deverá ter investimentos de cerca de 110 bilhões de dólares, aumento de 8% ante o anterior.

– VALE ON perdeu 0,3%, em dia de variações modestas dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou com alta de 0,38%. Na véspera, a Fitch Ratings revisou a perspectiva do rating da mineradora de estável para positiva.

– BRADESCO ON fechou com variação positiva de 0,33% na véspera da divulgação do balanço do terceiro trimestre, antes da abertura do mercado na quinta-feira. Projeções compiladas pela Reuters apontam lucro líquido de 5,1 bilhões de reais. No setor, SANTANDER BRASIL UNIT subiu 2,04%, recuperando-se de perda de mais de 5% na terça-feira após o resultado, enquanto adotou um tom conservador sobre crédito.