Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em leve queda nesta terça-feira, pondo fim a uma série de três altas, mas a cotação seguiu acima de 5,10 reais, com investidores à espera de dados de inflação nos Estados Unidos na quarta-feira que podem oferecer pistas sobre a direção de curto prazo da moeda norte-americana.

O dólar à vista caiu 0,41%, a 5,1343 reais na venda, depois de variar entre 5,1671 reais (+0,23%) e 5,1096 reais (-0,89%).

Ibovespa tem pregão volátil e fecha em leve queda

A queda foi consolidada conforme os mercados de ações em Wall Street tiveram uma arrancada depois de quedas firmes mais cedo. A taxa de câmbio, aliás, por mais um dia operou de forma bastante aderente às bolsas de valores em Nova York –vistas de forma geral como vitrine maior do sentimento de investidores globais.

Por lá, os índices S&P 500 e Nasdaq Composite fecharam em alta, com o segundo avançando quase 1%. O Nasdaq, com forte peso de ações de tecnologia, tem mostrado as oscilações mais violentas nos mercados norte-americanos, uma vez que a perspectiva de elevações mais aceleradas dos juros pelo banco central dos EUA afeta sobretudo empresas com intensa alavancagem, caso das gigantes de tecnologia, com grande relevância nos índices de ações. [.NPT]

A correlação entre a taxa de câmbio dólar/real e o Nasdaq para os últimos 30 pregões está em -0,52, a menor desde abril de 2020, quando o mundo era sacudido pelo início da crise da pandemia de Covid-19. A correlação é negativa, uma vez que quedas do Nasdaq por aversão a risco seriam acompanhadas por valorização do dólar.

O real tem sido uma das moedas mais penalizadas pela recente debandada de ativos mais arriscados. Desde 20 de abril, quando operou pela última vez em torno de 4,60 reais, o dólar saltou 11,17%, reduzindo as perdas no ano para 7,88% –chegaram a ser de 17,33% no começo de abril–, mesmo com o Banco Central caminhando para elevar mais os juros, conforme indicado na ata do Copom publicada mais cedo.

“Fizemos o ajuste fino. Se vai dar mais 0,50 ponto (percentual de alta nos juros) ou 0,75 ponto, não se sabe. De toda forma, isso não muda nada o carrego”, disse Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.

“O que tem acontecido nessas últimas semanas é que a aversão a risco cresceu muito, é um movimento bem típico de ‘flight to quality’ (voo para qualidade)”, acrescentou, referindo-se à demanda por ativos considerados mais seguros, como o dólar.

Segundo Weigt, o fundamento do real é de apreciação, mas é preciso que o ambiente externo se estabilize. “Acho difícil a gente passar abaixo daquele patamar de 4,60 reais (por dólar), mas de toda forma podemos tranquilamente ir para 5 reais, 4,90 reais.”

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