31/07/2025 - 18:40
O mês de julho foi marcado por perdas nos principais indicadores da Bolsa brasileira. A piora no apetite por risco, impulsionada pelas novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e seus impactos sobre as exportações do Brasil, pesou no desempenho da renda variável, segundo dados da consultoria Elos Ayta.
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O índice das Small Caps liderou as quedas, com retração de 6,36%, desempenho mais fraco desde dezembro de 2024. O Ibovespa também não escapou do movimento e recuou 4,17%, acumulando seu pior resultado mensal em 2025.
Desde dezembro do ano passado, quando caiu 4,28%, o índice não enfrentava um tombo tão expressivo. Já o IDIV, que acompanha ações com forte distribuição de dividendos, encolheu 2,97% no mês, também anotando seu pior registro do ano.
No sentido oposto, o Bitcoin apresentou alta de 12,01% no mês e manteve o protagonismo entre os ativos digitais. O índice BDRX, que reflete os recibos de ações de empresas estrangeiras negociados na B3, subiu 6,15%. O dólar Ptax teve valorização de 2,66% em julho.
Desempenho do Ibovespa até agora mostra cenário misto
Entre janeiro e julho, o ouro puxou a fila, com alta de 26,64%, sustentado por um contexto de incertezas globais e cautela em relação aos ativos mais arriscados. Logo depois vêm as Small Caps, com ganho de 18,38%, o melhor desempenho para esse segmento desde 2019.
O Bitcoin, com valorização de 11,49%, aparece em terceiro lugar, consolidando espaço como alternativa em tempos de instabilidade internacional.
O Ibovespa registra avanço de 10,63% no ano, no ritmo mais forte desde 2023. Tanto o IDIV (10,33%) quanto o IFIX (10,27%), que reflete os fundos imobiliários, também seguem com números positivos.
Dólar despenca e vira destaque negativo
O dólar Ptax já caiu 9,53% em 2025, resultado que não se via desde 2016. O índice BDRX aparece com perda de 1,70% e o euro Ptax fecha em baixa de 0,5%.
“O enfraquecimento da moeda americana frente ao real reflete, entre outros fatores, a desaceleração da economia dos EUA, a queda nos juros e a melhora na percepção fiscal do Brasil”, comenta Einar Rivero, da Elos Ayta.
Considerando os últimos 12 meses até julho, o dólar Ptax é o único ativo que aparece no vermelho, com queda de 1,06%. Todos os demais tiveram desempenho positivo. O Bitcoin lidera com ampla vantagem, saltando 78,71%, impulsionado por maior interesse de investidores institucionais e expectativa de cortes nos juros dos EUA. O ouro acumulou 36,55% e o BDRX cresceu 18,54%.
Apesar da turbulência em julho, os dados do ano continuam indicando bons retornos em diversas frentes, especialmente em ativos atrelados a commodities e moedas digitais.
“A renda variável brasileira sofreu, mas o ano ainda apresenta saldo positivo para boa parte dos ativos, especialmente aqueles ligados a commodities e criptomoedas. Enquanto isso, a queda do dólar reabre a discussão sobre a diversificação cambial e a exposição internacional. Para o investidor, o recado segue o mesmo: equilíbrio, diversificação e atenção aos movimentos políticos, dentro e fora do Brasil”, analisa Rivero.