O dólar desvalorizou em relação ao real e a outras moedas hoje, em um movimento global que refletiu a queda dos rendimentos dos Treasuries americanos. Números mais fracos do mercado de trabalho americano e declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, renovaram a expectativa pelo início dos cortes de juros nos EUA este ano.

Esses dados renovaram o apetite global por risco e derrubaram o dólar, aqui, a R$ 4,9453 – 0,21% abaixo do fechamento de ontem. A moeda americana também se enfraqueceu contra pares e outros emergentes.

“O mais importante de hoje foram os números do mercado de trabalho: junto com eles, caíram as taxas das Treasuries, que ajudaram a derrubar a cotação do dólar”, afirma o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt. “É a queda dos Treasuries desde o dia 29 que tem puxado a baixa do dólar.”

Dados da ADP mostraram que os EUA criaram 140 mil postos de trabalho em fevereiro, menos do que os 150 mil esperados pelo mercado. Também ficaram no foco hoje as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, em uma apresentação no Congresso americano. Ele reforçou que os juros devem estar no pico deste ciclo e “provavelmente” serão cortados este ano, caso o quadro econômico avance como o esperado.

Segundo o banco holandês ING, o teor do discurso sugere que Powell está inclinado a cortar os juros a um nível mais neutro, embora o Fed ainda não esteja em posição de fazê-lo. A inflação acima da meta no país e as surpresas para cima nos dados de atividade limitam o espaço de ação.

O real ainda foi beneficiado, hoje, pela alta em torno de 1% dos preços do petróleo no mercado internacional, impulsionada pelo próprio enfraquecimento global do dólar e pela queda dos estoques de derivados nos Estados Unidos. A moeda americana flutuou entre R$ 4,9331, na mínima, e R$ 4,9467, na máxima. O contrato futuro de dólar movimentou cerca de US$ 11 bilhões.

Aqui, à tarde, dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostraram superávit comercial de US$ 5,447 bilhões em fevereiro – pouco abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de US$ 5,650 bilhões.