O dólar recuava ante o real nesta sexta-feira, 7, a caminho de uma queda semanal, à medida que investidores concluíam que os dados de emprego nos Estados Unidos divulgados mais cedo foram positivos para a moeda brasileira, apesar de os números estarem gerando uma reação mais mista no exterior.

+ Haddad: Dólar perde força e governo adota medidas para ‘um patamar mais adequado’

Às 13h55, o dólar à vista caía 0,10%, a 5,76 reais na venda. Veja cotações.

Na semana, a moeda acumula baixa de 1,56%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,36%, a 5,765 reais na venda.

O governo norte-americano informou que foram abertas 143.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em janeiro, de 307.000 revisados para cima em dezembro, número abaixo dos 170.000 esperados por economistas consultados em pesquisa da Reuters, ante 256.000 informados anteriormente.

Por outro lado, o relatório do governo dos EUA também mostrou que a taxa de desemprego caiu para 4,0% em janeiro, de 4,1% no mês anterior, número melhor que a expectativa de economistas de que a taxa ficaria inalterada.

No Brasil, o resultado de criação de vagas sustentava a tese de que o mercado de trabalho dos EUA está passando por um abrandamento, o que forneceria mais espaço para o Federal Reserve reduzir a taxa de juros.

Esse cenário tende a ser positivo para o real, uma vez que o aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA torna a moeda brasileira mais atrativa para investidores estrangeiros.

No exterior, entretanto, a reação dos mercados globais era mais mista, com agentes financeiros tentando compreender o significado de uma desaceleração na criação de emprego somada à queda na taxa de desemprego.

Operadores de contratos futuros da taxa de juros do Fed mantinham suas apostas praticamente inalteradas de que o banco central dos EUA deve reduzir os juros em meados do ano e pode entregar outro corte até o fim de 2025.

“De maneira geral, o relatório foi misto, mas mostrou um abrandamento na criação de emprego. O mercado sempre reage inicialmente ao número principal e a mensagem clara é que a criação de empregos está desacelerando”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,15%, a 107,820.

O rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 6 pontos-base, a 4,266%.

Para além do relatório de emprego, os mercados ainda aguardam novas notícias sobre o atual impasse comercial entre EUA e China, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses nesta semana, o que gerou retaliação por parte de Pequim.

Trump havia imposto também tarifas de 25% sobre México e Canadá, mas suspendeu a medida por 30 dias na segunda-feira após os líderes dos dois vizinhos prometerem um controle mais rígido de suas fronteiras com os EUA.

“O restante do dia deva ser um reflexo dos dados de emprego. Aqui não temos outros dados a serem divulgados. Mas notícias de tarifas podem mover e isso não conseguimos prever”, disse Moutinho.

Na cena doméstica, investidores analisavam comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que concedeu entrevista à Rádio Cidade, de Pernambuco, mais cedo. Ele afirmou que políticas do governo para levar o dólar a um “patamar mais adequado” terão reflexo em preços nas próximas semanas, sem detalhar.

Na véspera, comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram mal recebidos pelo mercado, com o chefe do Executivo afirmando que a inflação está “totalmente controlada”, apesar de números recentes que colocaram o nível da alta dos preços acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central — de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.