SÃO PAULO (Reuters) -O dólar à vista emplacou nesta quinta-feira a terceira sessão consecutiva de baixa, influenciado pela busca global de ativos de maior risco, como o real, e pela percepção de que o Brasil segue atrativo para investimentos em função do diferencial de juros.

A moeda norte-americana recuou durante todo o dia, acompanhando o exterior, onde o dólar também cedia ante divisas como o peso mexicano, o peso chileno e o dólar canadense, após a divulgação de dados fracos de inflação nos Estados Unidos e de números fortes de exportação na China.

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O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9275 reais na venda, em baixa de 0,27%. Este é o menor valor de fechamento para a moeda americana desde 9 de junho de 2022. Nas últimas três sessões, o dólar acumulou baixa de 2,73%.

Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,10%, a 4,9385 reais.

Pela manhã, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor para demanda final caiu 0,5% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice ficaria inalterado no mês.

Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 11.000, para 239.000, em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 8 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 232.000 pedidos para a última semana.

Os dados fracos nos EUA penalizaram a moeda norte-americana e reforçaram a avaliação de que o Federal Reserve está próximo de encerrar seu ciclo de alta de juros.

Por outro lado, os dados da China foram favoráveis. O país asiático reportou alta de 14,8% das exportações em março ante o ano anterior, sendo que economistas previam queda de 7%. Já as importações pela China caíram apenas 1,4%, ante previsão de baixa de 5,0%.

“Tivemos indicadores de inflação fracos nos EUA, e isso acabou desvalorizando o dólar lá fora. Então, o dólar trabalha nesta quinta-feira fragilizado ante as divisas de exportadores de commodities”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

“No Brasil, o que também ajuda é o fluxo contínuo de investimentos”, acrescentou, lembrando que o diferencial de juros entre Brasil e EUA segue atrativo aos estrangeiros.

No melhor momento do dia, às 12h45, o dólar chegou a operar abaixo dos 4,90 reais, cotado na mínima de 4,8946 (-0,94%).

Durante a tarde, a moeda norte-americana recuperou um pouco do fôlego, com importadores aproveitando as cotações baixas para comprar.

Ainda assim, operador ouvido pela Reuters lembrou que as notícias mais recentes, incluindo as relacionadas ao novo arcabouço fiscal, ainda a ser implementado pelo governo, foram positivas, o que faz com que o dólar não tenha motivos para subir ante o real.

No exterior, a moeda norte-americana seguia em baixa no fim da tarde.

Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,46%, a 101,010.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.

(Por Fabrício de Castro; edição de Isabel Versiani)