28/02/2020 - 18:44
O dólar recuou ante outras moedas principais nesta sexta-feira, 28, em um quadro de aumento nas apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) terá de agir para apoiar a economia americana com cortes nos juros. Declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, contribuíram para fortalecer esse movimento à tarde. Entre as divisas de países emergentes e ligados a commodities, o peso mexicano foi penalizado, após o México confirmar mais cedo seu primeiro caso de coronavírus no país.
No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 107,59 ienes, o euro avançava a US$ 1,1042 e a libra tinha baixa a US$ 1,2828. O índice DXY, que mede o dólar ante outras divisas principais, recuou 0,38%, a 98,132 pontos.
O CME Group mostrava na tarde de hoje 100% de apostas de que o Fed terá de relaxar sua política monetária em março. Havia inclusive apostas majoritárias (56,1%) no fim desta tarde de que o BC terá de cortar os juros em 50 pontos-base no próximo mês, não apenas em 25 pontos-base. Com isso, o dólar foi pressionado ante outras divisas principais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou sua avaliação para o risco de contágio do coronavírus de “alto” para “muito alto”. Apesar de não ter decretado uma pandemia, a entidade qualificou o continuado aumento no número de casos e de países afetados como uma “clara preocupação”.
Nesta tarde, Powell afirmou que o coronavírus “representa um risco” para a atividade econômica americana, embora também tenha comentado que os fundamentos “continuam sólidos”. Powell disse que serão usados os instrumentos do Fed como apropriado para apoiar a economia. Após o comunicado inesperado do presidente do BC americano, o dólar enfraqueceu mais.
O Goldman Sachs prevê três cortes de juros pelo Fed até junho, em resposta ao coronavírus, sem descartar inclusive eventuais ações emergenciais de outros bancos centrais pelo mundo para responder aos impactos negativos da doença na economia. O Bank of America, por sua vez, passou a prever corte de juros de 50 pontos-base já em março.
Entre as moedas emergentes e commodities, o dólar avançava a 19,6901 pesos mexicanos, após o México confirmar o primeiro caso de coronavírus no país. A Oxford Economics comenta em nota que os mercados da América Latina não são exceção e reagem às preocupações com os efeitos do coronavírus. A consultoria lembra que a China é importante fornecedora de bens de capital e intermediários para a região e diz que a América Latina pode sofrer também com as condições financeiras mais restritas.