O dólar emplacou nesta quarta-feira, 7, a segunda sessão consecutiva de queda no Brasil, se reaproximando dos R$ 5,60, em sintonia com a baixa da moeda norte-americana ante outras divisas emergentes no exterior, em uma sessão marcada pela busca global por ativos de risco.

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O dólar à vista fechou o dia em queda de 0,62%, cotado a R$ 5,6236. Em dois dias, a moeda norte-americana à vista acumulou baixa de 2,05%. Na segunda-feira, os receios de que os EUA estejam a caminho de uma recessão fizeram o dólar chegar a ser cotado a R$ 5,86 durante a sessão.

Veja cotações

Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,63%, a R$ 5,6370 na venda.

O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, em meio ao alívio na curva futura de juros, enquanto GPA disparou 9,5% após o balanço do segundo trimestre mostrar prejuízo menor, queda no endividamento e avanço operacional.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,99%, a 127.513,88 pontos, tendo marcado 127.485,47 na máxima e 126.267,7 na mínima do dia. O volume financeiro movimentado no pregão somava R$ 21 bilhões.

O dólar no dia

Na terça-feira investidores retomaram a busca por ativos mais arriscados, como ações e moedas de países emergentes, em movimento que teve continuidade nesta quarta-feira.

“O exterior está definindo a queda do dólar ante o real. Os investidores esqueceram um pouco a história de possível recessão nos Estados Unidos e foram em busca do risco”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Outro fator que contribuía para o movimento era a queda do iene, após uma autoridade do Banco do Japão minimizar as chances de nova alta de juros no curto prazo. Nas últimas semanas, o avanço da moeda japonesa vinha provocando uma desmontagem de posições de carry trade em todo o mundo — inclusive de operações realizadas com o real.

No carry trade, investidores tomam recursos em países como o Japão, onde as taxas de juros são baixas, e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior. Na desmontagem destas operações, o real vinha sendo penalizado.

“Com o aperto monetário no Japão, vimos o movimento de desmontagem do carry trade, que prejudicou o real. Agora temos uma fase de acomodação”, pontuou Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a máxima de 5,6634 reais (+0,08%) às 9h, na abertura do dia, e a mínima de 5,5976 reais (-1,08%) às 12h12. Apesar de ter oscilado abaixo de 5,60 reais, a divisa acabou retomando parte da força.

A queda do dólar ante o real estava em sintonia com os recuos da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes, como o peso mexicano, o rand sul-africano, a lira turca e o peso chileno.

Por outro lado, em meio à baixa firme do iene, o dólar sustentava ganhos ante uma cesta de divisas fortes. Às 17h08, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,20%, a 103,190.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 1,743 bilhão de dólares em julho, com saídas líquidas de 3,302 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 5,046 bilhões de dólares pela via comercial.

O dia do Ibovespa

A queda do dólar ante o real abriu espaço para o recuo nas taxas dos contratos de DI na B3, favorecendo principalmente as ações sensíveis a juros na bolsa paulista, que resistiu à piora no mercado acionário norte-americano à tarde.

Em Wall Street, o S&P 500 encerrou em baixa de 0,77%, após avançar 1,7% na máxima, conforme agentes financeiros continuam melindrados com riscos relacionados à economia norte-americana e monitorando a política monetária no Japão.

Uma bateria de balanços também ocupou as atenções no mercado brasileiro, entre eles os números de Itaú, Vibra e RD, com a agenda do final do dia e da quinta-feira também reservando uma bateria de resultados, incluindo Banco do Brasil e Petrobras.

 

DESTAQUES

– GPA ON saltou 8,42%, após reportar prejuízo líquido de operações continuadas menor no segundo trimestre, marcado por recorde na margem bruta e redução do endividamento. O presidente-executivo, Marcelo Pimentel, também afirmou em videoconferência sobre o balanço que as vendas dos supermercados da bandeira Pão de Açúcar sinalizam recuperação após um julho “médio”.

– CVC BRASIL ON disparou 9,94%, beneficiada pela queda do dólar ante o real e alívio nas taxas dos DIs, antes da divulgação do balanço do segundo trimestre, agenda para após o fechamento do mercado nesta quarta-feira. O índice do setor de consumo na B3 subiu 3,35%.

– LOCALIZA ON avançou 9%, tendo também no radar resultado da rival Movida, com lucro líquido ajustado de 80,1 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo prejuízo apurado um ano antes, enquanto a receita líquida aumentou 38,6%. A Localiza reporta seu desempenho na próxima semana. MOVIDA ON, que não está no Ibovespa, saltou 16,83%.

– ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 0,27%, após divulgar aumento de 15% no lucro líquido recorrente do segundo trimestre, com melhora na rentabilidade. Na véspera, as ações tinham avançado mais de 2%. O presidente-executivo, Milton Maluhy Filho, afirmou que é possível que o ROE siga acima de 20% e que, considerando as informações atuais, o banco “certamente” pagará dividendo extraordinário.

– BANCO DO BRASIL ON fechou em baixa de 1,31% antes da divulgação do balanço do segundo trimestre prevista para o final o dia.

– PETROBRAS PN cedeu 0,14%, mesmo com a forte alta do petróleo no exterior, onde o barril de Brent terminou transacionado com elevação de 2,42%. Agentes financeiros aguardam a divulgação do balanço da petrolífera na quinta-feira, após o fechamento do mercado, em especial a decisão envolvendo a distribuição dividendos pela estatal.

– VALE ON perdeu 0,19%, em meio a desempenho misto dos futuros do minério de ferro na Ásia, com o contrato mais negociado em Dalian, na China, fechando em baixa de 2,41%, enquanto o vencimento de referência em Cingapura reagiu e registrou variação positiva de 0,63%.