O dólar recuava mais de 1% frente ao real nesta sexta-feira, caindo abaixo des 5,50 reais, após o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, fornecer um apoio explícito para o início de um ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, o que enfraquecia a moeda norte-americana globalmente.

Às 14h, o dólar à vista caía 1,77%, a R$ 5,49 na venda. Já o Ibovespa operava em alta, acima dos 136 mil pontos. Veja cotações.

Em discurso no simpósio econômico de Jackson Hole, no Estado norte-americano de Wyoming, Powell disse que “chegou a hora” de o Fed cortar sua taxa de juros, uma vez que os riscos crescentes para o mercado de trabalho não deixam espaço para mais fraqueza e a inflação está a caminho de alcançar meta de 2%.

“Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram”, afirmou Powell no discurso.

Os comentários reforçaram as apostas de agentes financeiros de que o banco central dos EUA cortará os juros já em sua próxima reunião, em setembro, uma vez que dados recentes têm mostrado um esfriamento do mercado de trabalho e o aumento da taxa de desemprego.

Após o discurso, operadores precificavam 65% de chance de um corte de 25 pontos-base em setembro, com 35% de probabilidade de uma redução maior de 50 pontos-base. Eles veem mais de 100 pontos-base de afrouxamento até o fim deste ano.

A perspectiva de juros mais baixos nos EUA, que derruba os rendimentos dos Treasuries, gera um maior apetite por ativos de maior risco, uma vez que aumenta os diferenciais de juros entre a maior economia do mundo e outros países.

Nos mercados de câmbio, isso significa o abandono do dólar e uma busca por moedas como o real e outros pares emergentes para operações de “carry trade”. A moeda norte-americana recuava mais de 1% contra o peso mexicano, o peso colombiano e o rand sul-africano.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,71%, a 100,740.

No mercado nacional, o discurso de Powell provocou quedas sólidas na curva brasileira de juros futuros, com investidores projetando que uma taxa mais baixa nos EUA provavelmente permite uma Selic menor no Brasil.

A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,47%, em queda de 12 pontos-base, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,445%, com recuo de 15 pontos-base.