07/02/2025 - 15:02
O dólar subiu ante o real nesta sexta-feira, 7, recuperando perdas acumuladas no período da manhã, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizar novas ameaças tarifárias, o que gerou aversão ao risco nos mercados globais.
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O dólar à vista fechou em alta de 0,48%, a R$ 5,79268. Na semana, a moeda acumulou queda de 0,73%.
Às 17h04, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a R$ 5,816 na venda.
O dólar no dia
Falando na Casa Branca, Trump afirmou nesta sexta-feira que anunciará tarifas recíprocas sobre muitos países na próxima semana, um plano antecipado mais cedo pela Reuters em reportagem exclusiva. O anúncio, caso concretizado, confirmaria sua promessa de campanha de impor tarifas recíprocas sobre as importações norte-americanas iguais às taxas que os parceiros comerciais impõem às exportações do país.
Minutos depois da publicação da matéria da Reuters, o dólar avançou amplamente nos mercados globais, já devolvendo todas as perdas que tinha acumulado no Brasil durante a sessão. Após a declaração de Trump, os ganhos da divisa dos EUA se acentuaram ainda mais.
A avaliação é que as tarifas de importação têm potencial inflacionário, o que forçaria o Federal Reserve a manter a taxa de juros elevada, um cenário que, em tese, favorece o dólar ao elevar os rendimentos dos Treasuries.
O rendimento do Treasury de dois anos — que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo — tinha alta de 7 pontos-base, a 4,279%.
As promessas tarifárias já vinham sendo o principal assunto da semana nos mercados, após o presidente dos EUA impor taxas de 25% sobre México e Canadá e de 10% sobre a China.
Enquanto as tarifas sobre os vizinhos foram suspensas por um mês após eles concordarem em fortalecer o controle de suas fronteiras com os EUA, as taxas sobre os produtos chineses seguem em vigor desde terça-feira, o que gerou retaliação por parte de Pequim.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,31%, a 107,990.
Mais cedo, o dólar vinha recuando ante o real, à medida que investidores concluíram, inicialmente, que dados de emprego dos EUA divulgados pela manhã foram positivos para a moeda brasileira.
O governo norte-americano informou que foram abertas 143.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em janeiro, de 307.000 revisados para cima em dezembro, número abaixo dos 170.000 esperados por economistas consultados em pesquisa da Reuters, ante 256.000 informados anteriormente.
Por outro lado, o relatório do governo dos EUA também mostrou que a taxa de desemprego caiu para 4,0% em janeiro, de 4,1% no mês anterior, número melhor que a expectativa de economistas de que a taxa ficaria inalterada.
No Brasil, o resultado de criação de vagas sustentou a tese de que o mercado de trabalho dos EUA está passando por um abrandamento, o que forneceria mais espaço para o Fed reduzir a taxa de juros, favorecendo o diferencial de juros entre Brasil e EUA.
Algum tempo após os dados, o dólar atingiu a menor cotação da sessão, a R$5,7354 (-0,51%), às 12h36. A máxima do dia, a R$5,8082 (+0,75%), foi atingida às 15h58, já depois do anúncio de Trump.
No exterior, entretanto, a reação dos mercados globais era mais pessimista, com agentes financeiros se concentrando na queda da taxa de desemprego para argumentar que o mercado de trabalho dos EUA segue resiliente.
Operadores de contratos futuros da taxa de juros do Fed passaram a ver apenas um corte de juros pelo Fed neste ano, ante a projeção de até duas reduções antes dos dados.
“De maneira geral, o relatório foi misto, mas mostrou um abrandamento na criação de emprego. O mercado sempre reage inicialmente ao número principal e a mensagem clara é que a criação de empregos está desacelerando”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Mais cedo, o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.