O dólar opera em alta frente o real nesta quarta-feira, 12, chegando a superar os R$ 5,40, descolado da queda externa da divisa.

Perto das 16h, o dólar à vista subia 0,40%, a R$ 5,388. Na máxima do dia até o momento chegou a R$ 5,42. Na véspera, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,3597, em leve alta de 0,06%, no maior valor de fechamento desde 4 de janeiro de 2023.

Já o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 1,16%, a 120.225 pontos. Veja cotações.

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Segundo operadores, há um sentimento de cautela fiscal doméstica em meio à percepção de desgaste do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolver parte da Medida Provisória 1.227 do governo, que limitava a compensação de créditos do PIS (Programa de Integração Social) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) pelas empresas.

“O governo federal está pressionado para reduzir gastos, visto que o aumento de arrecadação vive um cenário mais delicado. A partir da derrota, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode ter que repensar gastos para respeitar o arcabouço fiscal aprovado em 2023”, afirma Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

A devolução da MP representa uma derrota para Haddad, que propôs a medida como compensação à desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores que mais empregam no País e dos municípios.

“Se o Randolfe precisa falar que o Haddad ainda tem força no Congresso é porque tem algum problema ai”, alerta Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, diz em referência à defesa de Haddad pelo senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), em entrevista à GloboNews.

Pela manhã, o dólar chegou a recuar contra o real depois que o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que seu índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em maio na base mensal. Analistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,1%, após avanço de 0,3% em abril.

Após a divulgação dos dados, operadores elevaram suas apostas de um corte nos juros pelo Fed em setembro, agora em 70%, ante 54% antes do relatório. Quanto mais o Fed cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem, o que tende a provocar uma desvalorização da divisa frente a outras moedas.