O dólar fechou nesta terça-feira, 10, em forte alta ante o real, superior a 1%, acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas de exportadores de commodities no exterior, após a divulgação de dados fracos da economia chinesa.

+ O que mudou no cenário econômico e por que mercado passou a apostar em altas na Selic

O dólar à vista fechou em alta de 1,32%, cotado a R$ 5,6552. Em setembro, a divisa acumula alta de 0,34%. Veja cotações.

Às 17h06, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,14%, a 5,665 reais na venda.

Já o Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, pressionado principalmente pelas ações da Petrobras na esteira do tombo do petróleo no exterior, enquanto dados da China pesaram sobre os papéis da Vale, em meio a preocupações sobre o ritmo de crescimento do maior consumidor de minério de ferro do mundo.

Investidores da bolsa paulista ainda repercutiram dados de preços ao consumidor no Brasil, enquanto aguardam números de inflação nos Estados Unidos na quarta-feira.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,31%, a 134.319,58 pontos, tendo marcado 133.754,18 pontos na mínima e 134.737,68 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$ 19 bilhões.

O dólar no dia

A moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa ante o real no início da sessão, mas ainda na primeira hora de negócios se firmou no território positivo, acompanhando o exterior. Por trás do movimento estavam receios em torno da economia da China, maior comprador de commodities do mundo e um dos principais destinos dos produtos brasileiros.

O país asiático informou nesta terça que suas importações cresceram apenas 0,5% em agosto, abaixo da expectativa de alta de 2% e do avanço de 7,2% em julho, o que impactou negativamente os preços do minério de ferro — um dos principais itens da pauta exportadora brasileira. O petróleo também sustentava perdas firmes.

“O cenário global de incertezas persiste, e a queda nas importações chinesas pressiona os preços das commodities, afetando as economias emergentes”, disse Diego Costa, head de câmbio da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes. Ele chamou a atenção para o avanço firme do dólar ante as divisas de países emergentes.

Neste cenário, após registrar a cotação mínima de 5,5692 reais (-0,22%) às 9h04, pouco depois da abertura, o dólar à vista escalou até a máxima de 5,6688 reais (+1,56%) às 15h15.

No caso específico do Brasil, a alta do dólar também foi amparada pela percepção de que o Banco Central elevará a Selic em 25 pontos-base na próxima semana — e não em 50 pontos-base. Atualmente a Selic está em 10,50% ao ano.

Pela manhã, antes da abertura dos negócios, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA teve deflação de 0,02% em agosto, após inflação de 0,38% em julho. Foi a primeira taxa negativa desde junho de 2023 (-0,08%). O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com economistas, de inflação de 0,01%. Em 12 meses até agosto, o IPCA acumulou alta de 4,24%, ante 4,50% em julho e expectativa de 4,29%.

Os números benignos do IPCA, na visão de um profissional ouvido pela Reuters, reforçaram a expectativa por uma alta de apenas 25 pontos-base da Selic, o que retirou parte do suporte do real durante a sessão.

De fato, a curva de juros brasileira passou a precificar nesta terça-feira chances ainda maiores de alta de 25 pontos-base da Selic, com probabilidade reduzida de aumento de 50 pontos-base.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta firme ante moedas pares do real como o peso mexicano e o peso chileno. No entanto, o dólar estava perto da estabilidade ante as moedas fortes.

Às 17h22, O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas fortes — caía 0,03%, a 101,620.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

Dados do IBGE mostraram nesta terça-feira que o IPCA teve uma variação negativa de 0,02% em agosto, após subir 0,38% em julho, na primeira taxa negativa desde junho de 2023 (-0,08%). Pesquisa da Reuters apontava avanço de 0,01%. Em 12 meses, subiu 4,24%, de 4,50% em julho e expectativa de 4,29%.

De acordo com o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, a abertura do indicador foi positiva, com a métrica trimestral anualizada moderando dentre as principais linhas, mas não muda a previsão para a decisão do Banco Central a ser anunciada no próximo dia 18.

“O dado não altera nossa expectativa de elevação da taxa Selic em 25 pontos base na próxima reunião do Copom, haja vista que não altera nosso entendimento de que os fundamentos da política monetária – incluindo-se a dinâmica da inflação no curto prazo – estão pressionados”, afirmou.

No final da tarde, curva de juros brasileira precificava 96% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic e 4% de chance de aumento de 50 pontos-base. Na segunda-feira, os percentuais estavam em 91% e 9%, respectivamente.

Segundo o advisor e sócio da Blue3 Willian Queiroz, buscando entender como o IPCA pode influenciar a decisão sobre a Selic na próxima semana, investidores também analisaram dados do comércio exterior chinês, que pressionaram commodities como o petróleo, que refletiu também o corte na previsão da Opep sobre demanda.

Em Wall Street, os principais índices acionários fecharam sem um sinal único, com o S&P 500 mostrando acréscimo de 0,45%, com agentes à espera de dados de inflação ao consumidor na quarta-feira, enquanto calibram apostas sobre o tamanho do corte de juros esperado na próxima semana nos Estados Unidos.

Destaques

– PETROBRAS PN recuou 1,66%, acompanhando o declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 3,69%, a 69,19 dólares, mínima desde dezembro de 2021. PETROBRAS ON caiu 2,14%.

– VALE ON cedeu 1,2%, tendo como pano de fundo dados mostrando que as importações na China cresceram apenas 0,5% em agosto, aquém da expectativa de aumento de 2%, após alta de 7,2% em julho.

– ASSAÍ ON perdeu 3,78%, no quinto pregão seguido de queda. O JPMorgan cortou a recomendação da ação para “neutra” nesta semana, citando que a flexibilidade limitada de capital coloca planos de investimento de curto prazo em risco.

– AZUL PN ganhou 3,69%, após renovar mínimas históricas na véspera. Ainda na segunda-feira, após o fechamento, a companhia aérea divulgou previsão de que a receita anual líquida alcançará cerca de 20 bilhões de reais em 2024.

– AZZAS 2154 ON avançou 2,34%, ajudada por relatório do Goldman Sachs com recomendação de “compra” para ação e preço-alvo de 74 reais.

– KLABIN UNIT valorizou-se 1,66%, com o JPMorgan elevando a recomendação dos papéis a “overweight” e estabelecendo preço-alvo de 28 reais para o final de 2025. SUZANO ON subiu 2%.

– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou estável, em sessão mista no setor. BRADESCO PN fechou em alta de 0,32%, BANCO DO BRASIL ON recuou 1,48% e SANTANDER BRASIL UNIT terminou com declínio de 0,19%.