11/07/2024 - 17:49
O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 11, em alta de 0,55%, cotado a R$ 5,4426, com máxima a R$ 5,4536 à tarde. Pela manhã, a moeda chegou a ser negociada abaixo de R$ 5,40, com mínima a R$ 5,3704, em sintonia com o exterior, após a surpreendente deflação ao consumidor nos EUA aumentar as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano.
Operadores e analistas ouvidos pelo Broadcast atribuíram o escorregão do real na segunda etapa de negócios a ajustes técnicos, em especial no segmento futuro. Após os movimentos abruptos da moeda neste início de mês, com pico intraday em R$ 5,70 em 2 de julho e vale abaixo de R$ 5,40 ontem e hoje, investidores realizam lucros e buscam reequilibrar posições.
Além disso, divisas latino-americanas como os pesos chileno e colombiano também se descolaram da tendência de enfraquecimento global da moeda americana ao longo da tarde. A forte apreciação do iene, em meio a especulações de intervenção do governo japonês no mercado de câmbio, teria levado a desmonte de operações de carry trade com parte das divisas emergentes. O peso mexicano, contudo, se valorizou com perspectivas de manutenção de juros altos após repique da inflação no México.
“O movimento de hoje parece 100% técnico. O mercado devolveu a piora extrema do começo do mês, mas ainda está em tendência de alta”, afirma o diretor de investimentos da gestora de recursos Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. “Está se formando, porém, um ambiente para o Fed começar a reduzir os juros em setembro que deve ajudar o real no médio prazo”.
Apesar da alta hoje, o dólar à vista ainda acumula baixa de 0,36% na semana. Nos nove primeiros pregões de julho, a moeda apresenta desvalorização de 2,61%. Embora a diminuição dos ruídos domésticos explique a recuperação do real do início de julho para cá, a moeda brasileira ainda tem no mês desempenho um pouco inferior a de seus principais pares latino-americanos, os pesos chileno e mexicano.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que, após muita volatilidade, o dólar se estabilizou nos últimos três dias no intervalo entre R$ 5,40 e R$ 5,45. Apesar de ainda se apreciar na semana, Sanchez afirma que, de acordo com seu modelo, os pares do real tiveram desempenho melhor, “denotando que o prêmio desfavorável ao Brasil se ampliou” nos últimos dias. “Por enquanto, mantemos a estimativa de R$ 5,30 para o fechamento de 2024”, afirma Sanchez.
Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em queda ao longo do dia e recuava mais de 0,5% no fim da tarde, abaixo dos 104,500 pontos, com perdas de mais de 1,7% do dólar em relação ao iene. As taxas dos Treasuries recuaram em bloco, apesar de leilão de T-bonds de 30 anos com demanda abaixo da média. O retorno da T-note de 10 anos rondava os 4,20%, nos menores níveis desde março.
Indicador mais aguardado da semana, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu 0,1% em junho, enquanto analistas previam alta de 0,1%. O núcleo do CPI, que exclui preços de alimentos e energia, subiu 0,1%, aquém das estimativas (0,2%). As leituras anuais tanto do índice cheio quando do núcleo vieram abaixo do esperado e mostraram desaceleração.
Monitoramento do CME Grupo mostrou aumento das chances de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro de pouco menos de 70% para mais de 90%. A aposta majoritária passou a ser de redução total da taxa básica em 75 pontos-base neste ano.