O dólar tinha leve alta frente ao real nesta quinta-feira, ampliando os ganhos da véspera e acima do patamar de 5,80 reais, à medida que a moeda norte-americana mantinha sua força no exterior em meio às expectativas dos investidores pelo governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Às 9h37, o dólar à vista subia 0,32%, a 5,8102 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,12%, a 5,810 reais na venda.

Nesta sessão, o dólar avançava de forma ampla nos mercados globais, em extensão de seu movimento recente impulsionado pela vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA na semana passada, com o republicano também conduzindo seu partido à conquista do controle das duas Casas do Congresso.

Investidores estão precificando os possíveis efeitos das medidas econômicas prometidas por Trump, que incluem tarifas e cortes de impostos. Segundo analistas, os planos do presidente eleito têm potencial inflacionário, o que pode fazer o Federal Reserve manter os juros elevados nos EUA.

“A ver quais serão as medidas que o Trump vai tomar. Espera-se um dólar mais forte nesta gestão, mas ainda falta algo de concreto para a gente poder analisar”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

Diante dessa perspectiva, os rendimentos dos Treasuries têm apresentado ganhos sólidos nas últimas sessões, favorecendo a moeda norte-americana.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,33%, a 106,810.

Os mercados ainda estão se ajustando à redução das expectativas por cortes de juros pelo Fed devido à força que a economia dos EUA tem demonstrado em dados recentes.

Em mercados emergentes, o mal-estar em relação à economia da China também tem prejudicado o apetite por risco, uma vez que o país enfrenta uma crise no setor imobiliário e uma demanda interna fraca, com anúncios recentes de medidas de estímulo decepcionando os investidores.

A escolha do senador Marco Rubio como secretário de Estado do novo governo Trump prejudicou ainda mais à visão em relação à China, uma vez que o parlamentar da Flórida é visto como defensor de uma política externa agressiva para o gigante asiático.

O dólar avançava ante o peso mexicano e o rand sul-africano.

Cena doméstica

No cenário doméstico, o mercado segue na espera do anúncio de medidas fiscais pelo governo, que busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo e afastar as dúvidas dos investidores sobre seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote fiscal será “expressivo”, mas disse não saber se há tempo hábil para o governo anunciar as medidas ainda nesta semana.

O nervosismo do mercado com a demora do anúncio, uma vez que a promessa do governo era divulgar as medidas após o segundo turno das eleições municipais, refletia na curva de juros brasileira, onde as taxas de DI estavam em alta.