O dólar subia frente ao real nesta sexta-feira, 3, em linha com os ganhos sobre outras moedas emergentes, com os investidores demonstrando aversão ao risco no início de uma sessão que tem poucos dados econômicos programados e apenas alguns fatores de curto prazo no radar.

Às 12h25, o dólar à vista subia 0,064%, a R$ 6,166 na venda. Mais cedo, chegou a R$ 6,199. Veja cotações.

O último pregão da semana conta com uma agenda macroeconômica esvaziada, particularmente no cenário doméstico, o que deve levar os investidores a segurarem apostas acentuadas em qualquer direção e buscarem catalisadores no exterior.

Nesse ponto, os mercados globais seguem atentos às perspectivas para a economia da China, maior importador de matérias primas do planeta, uma vez que seu desempenho impacta diretamente a atividade em países emergente e, consequentemente, suas divisas, incluindo o real.

Se por um lado há a expectativa de que medidas de estímulo do governo chinês possam impulsionar a segunda maior economia do mundo, há temores de que algumas das ações, como cortes nas taxas de juros, possam desvalorizar o iuan, o que também seria um peso para moedas emergentes.

Além de ganhar contra o real, o dólar avançava nesta sessão ante o peso mexicano e o rand sul-africano.

A economia dos Estados Unidos também está no radar dos investidores, com os mercados buscando sinais sobre a trajetória da taxa de juros do Federal Reserve este ano após as autoridades do banco sinalizarem um afrouxamento monetário mais cauteloso nos próximos meses.

Dados de pedidos de auxílio-desemprego divulgados na véspera, que vieram abaixo do esperado, indicaram que o mercado de trabalho dos EUA segue resiliente. Com uma inflação ainda acima da meta de 2%, operadores têm precificado que o Fed deve manter os juros inalterados na reunião deste mês.

Juros elevados nos EUA são favoráveis ao dólar devido ao potencial de atração de investidores estrangeiros com os altos rendimentos dos Treasuries.

Os agentes financeiros analisarão mais tarde, às 12h, a pesquisa PMI da indústria dos EUA para dezembro, a ser divulgada pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM).

Os mercados também se posicionam para o início do novo governo de Donald Trump, cujas promessas de tarifas têm provocado temores de guerras comerciais no futuro próximo, o que poderia valorizar a moeda norte-americana.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,26%, a 108,940, após atingir a maior cotação em dois anos na véspera.

No cenário doméstico, analistas apontam que os receios dos investidores com o cenário fiscal brasileiro devem continuar em foco nos próximos meses.

Somente em dezembro, a divisa dos EUA subiu quase 3% ante o real devido ao pessimismo do mercado em relação ao compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, principalmente depois do Executivo anunciar um projeto de reforma do imposto de Renda em novembro que ofuscou a apresentação de medidas de cortes de gastos.

Apesar de todos os projetos de contenção de gastos terem sido aprovados no Congresso e do debate sobre a reforma do IR ter sido adiada para este ano, sem uma data específica para ser realizado, o mercado ainda tem cobrado medidas adicionais para que o governo consiga controlar a trajetória da dívida pública.

“Com a agenda local esvaziada, é provável um clima de cautela para esta sexta-feira. A liquidez para o dia também deve permanecer reduzida, e por aqui ainda um clima de incerteza fiscal deve ecoar no mercado”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.