Por Fabrício de Castro

SÃO PAULO, 25 Abr (Reuters) – Após duas sessões em queda, o dólar à vista subiu nesta terça-feira ante o real, influenciado pelo pessimismo dos investidores no exterior, onde a moeda norte-americana também avançava ante outras divisas, e com o mercado atento a declarações do presidente do Banco Central no Senado.

A divulgação de alguns balanços corporativos ruins e de dados econômicos fracos nos EUA deu o tom dos negócios, com investidores buscando ativos mais seguros, como o dólar, em detrimento de outras moedas.

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No Brasil, os participantes do mercado também acompanharam com atenção as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Para alguns analistas, a pressão dos parlamentares para que o BC corte juros acabou ajudando a sustentar o dólar.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0638 reais na venda, em alta de 0,47%.

Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,54%, a 5,0675 reais.

Nos EUA, o setor bancário era um dos destaques negativos. O First Republic –uma das instituições envolvidas na turbulência bancária mais recente– relatou fuga de mais de 100 bilhões de dólares em depósitos no primeiro trimestre e viu suas ações desabarem. Papéis de outros bancos regionais também eram penalizados.

Além disso, o Conference Board dos EUA informou que seu índice de confiança do consumidor caiu para 101,3 em abril, de 104,0 em março. Economistas consultados pela Reuters esperavam que o indicador permanecesse em 104,0.

“As ações de bancos estão caindo muito lá fora. O cenário está ruim e isso nos contamina também”, comentou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital. “A alta global do dólar é pelo receio com uma recessão nos EUA”, acrescentou.

No Brasil, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado que cortar juros “na canetada” geraria mais inflação no Brasil, impulsionando o dólar. Além disso, afirmou que há um “trabalho grande” a se fazer para reverter as expectativas de inflação.

Para o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, a pressão para que o BC reduza os juros gera ruídos no mercado e contribui para que o dólar à vista se mantenha em alta ante o real.

Um operador ouvido pela Reuters ponderou que, embora as declarações de Campos Neto ao Senado sejam repetitivas, o mercado inevitavelmente quer ouvi-lo sobre inflação, juros e câmbio. Em alguns momentos do dia, isso deixou os negócios mais engessados que o habitual.

No exterior, o dólar seguia em alta ante outras divisas neste fim de tarde.

Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,58%, a 101,840.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.

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