SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha alta frente ao real nesta sexta-feira, acompanhando recuperação da divisa norte-americana contra pares arriscados no exterior e temores domésticos sobre qual será o texto final da PEC da Transição e quem o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicará ao cargo de ministro da Fazenda.

Às 10:08 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,63%, a 5,3438 reais na venda.

Na B3, às 10:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,64%, a 5,3490 reais.

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O comportamento do mercado de câmbio doméstico nesta manhã estava amplamente em linha com movimento externo, já que o dólar subia ligeiramente contra uma cesta de seis pares fortes, ainda que continuasse próximo de uma mínima em três meses.

Já contra divisas arriscadas pares do real, a moeda norte-americana registrava ganhos, com rand sul-africano, peso mexicano, peso chileno e dólar australiano perdendo de 0,2% a 0,7%.

O Banco Inter destacou em nota a clientes um cenário externo de agenda amena, mas com baixa liquidez, já que os mercados dos Estados Unidos fecharão mais cedo nesta sexta-feira devido ao feriado do Dia de Ação de Graças da véspera. Segundo o Inter, investidores refletiam tanto os riscos de imposição de novas restrições da Covid-19 na China quanto expectativas de que o Federal Reserve possa reduzir seu ritmo de aperto monetário.

Enquanto isso, no Brasil, o foco seguia sobre a agenda fiscal do governo eleito.

Estrategistas da Guide Investimentos avaliaram em nota que “o investidor recebeu bem o novo adiamento da PEC da Transição, que se deu pela forte resistência do Congresso às medidas mais contenciosas pretendidas pelo novo governo no texto (aumento dos gastos ‘extra-teto’ por período extenso)”.

O governo eleito passou a admitir que a PEC da Transição –que busca aprovar para permitir financiamento fora do teto de gasto para programas sociais– possa ser aprovada para um período de apenas dois anos, em vez do período inicial de quatro, como se planejava, afirmaram à Reuters três fontes envolvidas na negociação.

Por outro lado, a notícia de que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) representará Lula num evento da Febraban nesta sexta-feira mantinha agentes do mercado cautelosos.

“A escolha… foi recebida como mais um sinal de que o ex-prefeito da cidade de São Paulo é o primeiro da fila para ocupar a pasta da Fazenda”, avaliou a Guide.

O mercado financeiro tem reagido mal a qualquer indicação de que Haddad será nomeado ao cargo, já que –aos olhos de investidores– é inclinado a flexibilizações das regras fiscais do país e tem pouca experiência técnica.

A moeda norte-americana spot fechou a última sessão em queda de 1,13%, a 5,3103 reais na venda.

(Por Luana Maria Benedito)

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