15/04/2024 - 17:59
O dólar à vista emplacou nesta segunda-feira, 15, a quarta sessão consecutiva de alta e encerrou no maior valor ante o real desde março do ano passado, após dados do varejo dos EUA reforçarem a perspectiva de juros altos por mais tempo e o mercado receber com pessimismo a redução da meta fiscal brasileira para 2025.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,1835 na venda, em alta de 1,21%. Este é o maior valor de fechamento para a moeda norte-americana desde 27 de março de 2023, quando encerrou em R$ 5,2075. Em abril, a divisa acumula elevação de 3,35%.
Enquanto isso, no mercado de ações, o Ibovespa caiu 0,49%, a 125.333,89 pontos. Na máxima do dia, chegou a 126.250,41 pontos. Na mínima, a 125.033,98 pontos.
Dados dos EUA
O Departamento do Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo aumentaram 0,7% em março, acima do 0,3% projetado por economistas ouvidos pela Reuters. Já os dados de fevereiro foram revisados para alta de 0,9%, em vez do 0,6% informado anteriormente.
Os números reforçaram a avaliação de que o Federal Reserve adiará o início do processo de corte de juros, o que fez os rendimentos dos Treasuries avançarem e o dólar subir ante quase todas as demais divisas globais.
No Brasil, preocupações com contas públicas
Internamente, havia ainda o desconforto com as notícias de que o governo Lula reduzirá a meta fiscal para 2025 de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para resultado primário zero.
Durante a tarde, em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a meta zero para o próximo ano, o que foi mal recebido pelo mercado.
“Pela manhã vieram os dados do varejo norte-americano, mais uma vez comprovando a força da economia dos Estados Unidos. Isso se juntou à cena geopolítica mais delicada”, comentou Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, em referência aos receios de um conflito mais amplo no Oriente Médio, após o Irã atacar Israel no fim de semana.
“Localmente, a redução da meta fiscal de 2025 completou o cenário de ‘tempestade perfeita’ para o real”, acrescentou Machado.
Às 14h29, enquanto Haddad ainda participava da entrevista na TV, o dólar à vista marcou a máxima de R$ 5,2089 (+1,71%), em meio ao mal-estar dos investidores com a mudança na meta fiscal. Operador ouvido pela Reuters disse que Haddad “azedou mais” o mercado de câmbio, que já vinha pressionado pelo exterior.
Na entrevista Haddad também classificou o cenário global como “desafiador” e citou que o dólar está próximo dos 5,20 reais. “Mas daqui a pouco volta ao normal”, acrescentou.
No fim da tarde, em evento em Nova York, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que existe atualmente um movimento de reprecificação global. Segundo ele, por ser uma moeda mais líquida, o real também é afetado mais rapidamente pela reprecificação.