03/01/2025 - 19:15
Depois de oscilar entre perdas e ganhos, o dólar subiu na comparação com o real, ganhando força na reta final do pregão, em paralelo ao movimento observado no mercado de Treasuries, onde as taxas de juros avançaram. A queda nos preços de boa parte das commodities também colaborou para a alta do dólar, após dois dias seguidos de desvalorização da moeda americana. A taxa de câmbio, porém, segue próxima do nível observado antes do recesso de Natal, devido ao volume reduzido de negócios no final do ano passado e no início deste ano.
A estabilidade do dólar nas últimas duas semanas contrasta com a expectativa de valorização da moeda nos próximos meses. Victor Falarino, líder da operação offshore da Blue3 Investimentos, aponta que tanto a possibilidade de menos cortes de juros nos Estados Unidos quanto a de crescimento robusto na economia do país têm potencial para fortalecer o dólar.
Além disso, o real pode ser prejudicado por fatores domésticos. “Existe receio do estrangeiro em relação a investimentos brasileiros. O fato de a gente não estar mostrando tanto compromisso com controle de gastos deixa o investidor reticente”, disse Falarino.
Marcos Weigt, head da tesouraria do Travelex Bank, acredita que a nova faixa de preço do dólar deve ficar entre R$ 6,00 e R$ 6,30 – ou mais – caso o governo não apresente medidas capazes de diminuir incerteza fiscal. “Se vierem medidas objetivas de corte de gastos, mesmo com dólar valorizando no mundo, há chance de ele cair ante o real, porque estamos bem mais desvalorizados que outras moedas.”
O aumento esperado no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos será de pouca ajuda ao real, segundo os especialistas, justamente porque o receio com a situação fiscal brasileira está no topo das preocupações do mercado e tem mais peso no cálculo de risco dos investidores.
“Hoje o diferencial de juros não estimula os investidores a ficarem vendidos em dólar, mas é uma penalização para quem quer ficar comprado. Carregar uma posição comprada em dólar ante real custa muito caro, mas vejo poucas pessoas com vontade de ficar vendido por causa disso, de ganhar esse carrego. O carrego é bom quando se acha que a moeda pode valorizar ou pelo menos ficar estável”, disse Weigt.
O dólar à vista avançou 0,32%, para R$ 6,1821, mas chegou a cair 0,42% na mínima, a R$ 6,1362, e a subir 0,61% na máxima da sessão, a R$ 6,2002. Na semana, o dólar à vista caiu 0,18%.