20/06/2025 - 18:04
O dólar ganhou força no mercado local ao longo da tarde desta sexta, 20, e fechou em alta de 0,44%, cotado a R$ 5,5249, após atingir a máxima de R$ 5,5274. A desvalorização do real ocorreu em meio ao fortalecimento da moeda americana no exterior em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, especialmente o peso mexicano. Apesar da alta de hoje, o dólar encerra a semana com perdas de 0,30%, o que leva a desvalorização acumulada em junho a 3,40%.
Os operadores não identificaram um gatilho específico para a alta do dólar nesta sexta-feira, mas mencionaram ajustes após o rali recente do real e uma postura mais defensiva por parte dos investidores na véspera do fim de semana. Há temores de escalada do conflito entre Irã e Israel, que trocaram acusações em reunião com o Conselho de Segurança da ONU. A Casa Branca informou, pela manhã, que Donald Trump tomará uma decisão sobre o envolvimento dos EUA nas “próximas duas semanas”, informação reiterada pelo presidente americano à tarde. “Não podemos deixar o Irã ter arma nuclear”, afirmou Trump.
De volta do feriado no Brasil (Corpus Christi) e nos Estados Unidos (Juneteenth), a liquidez foi bastante reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para julho teve movimento bem abaixo da média para sextas-feiras.
“Estamos vendo um pequeno ajuste para cima do dólar, com aumento da aversão ao risco devido às questões geopolíticas”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, ressaltando que o real chegou a se apreciar mais cedo, refletindo o aumento do diferencial entre juros interno e externo, após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% na última quarta-feira, 18.
De fato, o dólar à vista abriu em queda firme, com mínima nos primeiros negócios de R$ 5,4696, mas foi reduzindo as perdas ao longo da manhã até inverter o sinal no começo da tarde. Apesar da queda de hoje, o real se mantém bem posicionado, dizem analistas. A promessa do Copom de manter a taxa Selic elevada por um período prolongado estimula as operações de carry trade e encarece o carregamento de posições em dólar, afirmam analistas.
“O Copom ressaltou que não hesitará em retomar o ciclo de alta caso o cenário se deteriore. Além disso, destacou que a política monetária deve permanecer contracionista por um período prolongado. Nesse ambiente, o real teve uma performance na semana melhor do que a média de seus pares”, afirma a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico.
Enquanto o dólar subiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, ele caiu em relação ao euro, levando o índice DXY a fechar em queda de 0,20%, na casa dos 98,700 pontos. Na semana, Dollar Index subiu quase 0,70%.
Na última quarta-feira, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros americana na faixa entre 4,25% e 4,50%, em comunicado considerado neutro. O presidente do BC americano, Jerome Powell, adotou um tom mais duro em entrevista coletiva após a decisão, ao alertar sobre o impacto inflacionário das tarifas de Donald Trump.
Dirigentes do Fed mostraram visões distintas hoje sobre o rumo da política monetária. O diretor Christopher Waller disse que a instituição está “em um bom lugar para começar a conversar sobre cortes de juros”. Já o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, afirmou que não há pressa em afrouxar a política monetária, dado que o risco de repique da inflação em razão das tarifas comerciais não foi dissipado.