10/09/2024 - 11:31
O dólar subia frente ao real nesta terça-feira, 10, em linha com os ganhos da moeda norte-americana em mercados emergentes, à medida que investidores demonstram aversão ao risco na espera por números de inflação dos Estados Unidos e após dados econômicos fracos da China.
Às 14h47, o dólar à vista subia 1,29%, a R$ 5,655 na venda. Já o Ibovespa opera em queda. Veja cotações.
Nesta manhã, investidores globais demonstravam cautela antes da divulgação do relatório de inflação ao consumidor dos EUA na quarta-feira, o último antes da próxima reunião do Federal Reserve, em 17 e 18 de setembro, com os números podendo definir o tamanho do corte de juros a ser feito pelo banco central.
Na visão dos mercados, é certo que o Fed reduzirá sua taxa de juros, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%, na reunião de setembro, uma vez que o chair Jerome Powell afirmou no mês passado que “chegou a hora” de ajustar a política monetária para evitar um esfriamento adicional do mercado de trabalho.
Mas os operadores continuam ponderando o tamanho do corte, à medida que o último relatório de emprego antes da reunião, divulgado na sexta-feira, mostrou dados mistos que não ajudaram a consolidar as apostas em torno de uma redução de 25 ou 50 pontos-base.
“No exterior, a véspera do CPI deixa os mercados avessos ao risco e o clima de cautela predomina, diante do possível cenário de recessão ou de um pouso suave da economia norte-americana”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.
As moedas emergentes também eram afetadas pela piora nas perspectivas econômicas da China, depois que dados de comércio externo mostraram que a segunda maior economia do mundo teve uma desaceleração no crescimento de suas importações na base mensal em agosto, a 0,5%, ante avanço de 7,2% em julho.
O pessimismo se refletia nos preços de commodities importantes, como o petróleo e o minério de ferro, que voltavam a recuar nesta sessão diante dos temores de recuo da demanda do maior importador de matérias-primas do planeta.
Deflação e expectativa para o Copom
No cenário nacional, o mercado digeria novos dados do IPCA em agosto, em busca de sinais sobre a trajetória dos preços no Brasil e, consequentemente, sobre os futuros movimentos do Banco Central na taxa Selic, à medida que agentes financeiros projetam uma alta de juros na reunião da próxima semana.
O IBGE informou que o IPCA teve queda de 0,02% em agosto na base mensal, ligeiramente abaixo da expectativa de economistas consultados pela Reuters de alta de 0,01%. Em 12 meses, o índice desacelerou para um avanço de 4,24%, de 4,50% em julho.
O resultado, apesar de representar uma desaceleração em relação ao mês anterior, ainda mostrou uma inflação distante do centro da meta de 3% perseguida pelo BC, o que tem sido motivo de preocupação para os membros da autarquia.
Esse distanciamento, somado a dados fortes do PIB brasileiro para o segundo trimestre, tem gerado expectativa de alta na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, já na próxima reunião do Copom, em 17 e 18 de setembro.
“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que, apesar do dado benigno em agosto, deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de 5,50 reais, o BC deverá iniciar um ciclo de ajuste gradual da taxa de juros na próxima reunião”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Operadores colocam 98% de chance de o BC elevar os juros em 25 pontos-base na próxima semana, com mais altas nas reuniões seguintes.
O aumento projetado para a Selic, junto da perspectiva de cortes de juros nos EUA, é, em tese, positivo para o real, uma vez que a moeda brasileira se torna atrativa com um maior diferencial de juros entre as duas economias.