O dólar teve uma segunda-feira de fortes oscilações. Chegou a bater em R$ 5,22 pela manhã, em meio ao movimento de fuga de ativos de risco no mercado financeiro internacional, por causa do temor de uma nova onda de contaminações pelo coronavírus, e ainda as preocupações causadas pela saída do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

Bolsas de NY fecham em alta, apoiada por anúncio do Fed em pregão volátil

Bolsa fecha em baixa de 0,45%, aos 92.375,52 pontos, apesar de dia positivo em NY

Nos negócios da tarde, caiu a R$ 5,08 após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar um “amplo e diversificado” programa para comprar ativos de empresas.

Mas com a moeda americana ainda em alta ante emergentes após o Fed, o câmbio seguiu pressionado aqui e o dólar fechou no maior nível desde o último dia 2, cotado em R$ 5,1422 (+1,98%). No mercado futuro, o dólar para julho era negociado com valorização de 1,93%, em R$ 5,1535, às 17h50.

O impacto da saída de Mansueto no câmbio acabou se reduzindo com a leitura de bancos, como o Goldman Sachs e o Citibank, de que é uma perda importante, mas o ajuste fiscal prossegue. Para o economista do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos, o ‘timing’ da saída foi “inapropriado”, pois foi em meio a uma forte deterioração fiscal, mas a avaliação dele é que o ministro Paulo Guedes permanece como principal formulador da política economia e vai prosseguir com a agenda do ajuste.

No final da tarde, o ministério confirmou o atual diretor de Programas do ministério da Economia, Bruno Funchal, ex-secretário da Fazenda do Espírito Santo, como substituto. O diretor de tesouraria de um banco destaca a formação técnica do novo chefe do Tesouro e observa que as finanças do Espírito Santo estão bem quando comparadas a de outros Estados, um bom indicativo do que esperar de Funchal.

No exterior, o dólar caiu forte ante divisas principais, mas subiu nos emergentes, um sinalizador típico de fuga de ativos de risco. Com o anúncio do Fed, o dólar chegou a perder força nos emergentes e a cair ainda mais ante divisas fortes, mas o movimento não se sustentou.

“Cresceu o temor de que uma segunda onda da pandemia possa ocorrer”, avalia o gestor e economista-chefe da gestora americana Cumberland Advisors, Bill Witherell. Ele cita que a OCDE estima contração de 6% para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial este ano, mas uma segunda onda pode ampliar o número para 7,6%, daí a preocupação dos investidores.

Para os estrategistas do JPMorgan, o aumento de casos em certos estados dos Estados Unidos, e também na China, ampliou o temor de uma segunda onda de infecções, o que levaria a recuperação da atividade, atualmente esperada para ocorrer em formato de V, para W. Na avaliação do banco alemão Commerzbank, este é o maior risco atualmente para os mercados.