Na quinta alta seguida, o dólar já avançou acima de R$ 3,50 ante o real nesta quarta-feira, 25, acompanhando a valorização generalizada da moeda americana no exterior diante dos juros da T-Note de dez anos acima dos 3% ao ano pela manhã. É pano de fundo também a decisão da segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de tirar do juiz Sérgio Moro a delação da Odebrecht sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O economista da MCM Consultores Antonio Madeira diz que o movimento de depreciação do real frente o dólar acompanha as perdas de outras moedas de países emergentes. “É um movimento mundial de depreciação de divisas emergentes por conta dos juros dos T-Note acima de 3% ao ano e apostas em alta da inflação e do juro americano mais rápido que o esperado”, avalia.

Internamente, segundo Madeira, a grande fragmentação na corrida eleitoral e a incerteza sobre o resultado da eleição não são novidades, minimizando o resultado da Pesquisa Ibope que mostrou o ex-presidente Lula na liderança entre eleitores do Estado de São Paulo.

Madeira diz que há desconforto principalmente com a decisão da segunda turma do STF de retirar processos de Lula do juiz Sérgio Moro. “Começa a gerar um cenário mais extremo sobre possível revisão de decisões de Moro e da Justiça de segunda instância de Porto Alegre. É mais um risco no radar”, avalia.

Madeira destaca ainda expectativas sobre os dados do setor externo de março, que saem às 10h30. Até a semana de 13 de abril havia fluxo positivo inclusive nas operações financeiras e nesta quarta vão sair dados do setor externo de março e informações preliminares das contas externas de abril. “Darão ideia se os estrangeiros estão saindo ou elevando o hedge de suas operações no câmbio, apoiando a alta do dólar”, comenta.

Às 11h, o dólar à vista desacelerava a alta, aos R$ 3,5006 (+0,85%), após bater máxima aos R$ 3,5072 (+1,05%). O dólar futuro para maio avançava 0,68%, aos R$ 3,4985, após oscilar de R$ 3,4915 (+0,47%) a R$ 3,5085 (+0,96%).

Bolsa

A Bolsa de Valores de São Paulo iniciou os negócios em queda nesta manhã, em linha com o comportamento de suas pares internacionais. No cenário político local, desagradou aos investidores o resultado da pesquisa Ibope, divulgada ontem. O levantamento mostrou que entre os eleitores de São Paulo o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) aparece em segundo lugar, empatado com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), ambos com 14%. A expectativa era de que o tucano se saísse melhor na sondagem que ouviu eleitores do Estado que governou por quatro mandatos. Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida, mesmo preso e condenado na Lava Jato. Também traz preocupação a vitória parcial que o petista obteve ontem, com a decisão da Segunda Turma do STF de retirar de Sérgio Moro menções da delação da Odebrecht que tratam do sítio de Atibaia (SP) e do Instituto Lula.

Às 11h38, o Ibovespa recuava 0,89%, aos 84.710,34 pontos.