O dólar à vista opera em leve alta ante o real nesta terça-feira, 6, à medida que os investidores demonstravam cautela nas negociações enquanto aguardam o anúncio de acordos comerciais dos Estados Unidos com seus parceiros e as decisões do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Por volta de 16h50, na reta final da sessão, o dólar à vista subia 0,32%, a R$ 5,71 na venda. Veja cotações.

Os movimentos da moeda brasileira ocorriam na esteira de uma aversão maior a ativos de risco nesta sessão, uma vez que os mercados começam a mostrar impaciência com a falta de detalhes sobre as negociações comerciais que os EUA vêm realizando com uma série de países.

Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma pausa de 90 dias para suas tarifas abrangentes do “Dia da Libertação”, autoridades da maior economia do mundo vêm sinalizando a possibilidade de acordos comerciais a fim de amenizar as taxas de importação.

Na semana passada, o otimismo em relação aos possíveis acordos favoreceu moedas mais arriscadas, como o real, mas o sentimento se deteriorava nesta semana com a falta de anúncios ou mais detalhes sobre as discussões comerciais.

Enquanto isso, Trump vem realizando novas ameaças tarifárias, com destaque para taxas sobre filmes produzidos fora dos EUA e produtos farmacêuticos, o que apenas tem gerado mais preocupações pela continuação da guerra comercial global.

“Os investidores ficam um pouco receosos ainda, porque não há anúncios de possíveis acordos comerciais. Os EUA ressaltam que estão negociando com diversas nações, que estão muito otimistas que esses acordos possam ser atingidos, mas não tem ainda muitas notícias concretas”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX

Diante desse cenário, ativos mais arriscados sofriam nesta sessão, com quedas em mercados de ações nos EUA e na Europa e entre divisas emergentes.

Os investidores também estão se posicionando para a “superquarta”, quando o Fed e o BC anunciarão suas decisões de política monetária, com o foco em torno de comentários sobre os impactos das incertezas tarifárias sobre o crescimento econômico e a inflação.

“Temos uma certa ansiedade para as reuniões de política monetária. Não deve ter muita novidade, mas a dúvida está sobre a trajetória que virá a seguir, quais serão os próximos passos”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Espera-se que o banco central dos EUA deixe a taxa de juros inalterada, enquanto operadores precificam que a instituição pode retomar o afrouxamento monetário em julho.

No Brasil, a expectativa é de que o Copom eleve novamente a taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano, com 81% das apostas apontando para uma alta de 0,5 ponto percentual, enquanto 19% preveem aumento de 0,25 ponto.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,32%, a 99,497.