Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caiu pela segunda sessão consecutiva frente ao real nesta terça-feira, pressionado por movimento global de apetite por risco na esteira de uma reviravolta fiscal no Reino Unido, embora temores de um aperto monetário muito agressivo nos Estados Unidos persistissem, limitando pontualmente as perdas da moeda norte-americana.

A divisa dos EUA teve queda de 0,88%, a 5,2549 reais, na maior desvalorização percentual diária desde o tombo de 4,025% registrado no último dia 3, na esteira do primeiro turno das eleições presidenciais domésticas.

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Na B3, às 17:05 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,66%, a 5,2630 reais.

Boa parte do bom humor dos mercados internacionais veio depois que o novo ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, descartou na segunda-feira o plano econômico da primeira-ministra Liz Truss, avaliou Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos.

A agenda fiscal de Truss previa grandes cortes de impostos sem compensação por parte do governo, o que vinha provocando ondas de estresse no mercado de títulos britânicos e contaminando o humor global.

Por outro lado, limitando as perdas do dólar frente ao real, uma leitura desta terça-feira mostrou que a produção manufatureira nos Estados Unidos aumentou mais do que o esperado em setembro, a ritmo de 0,4%.

Os dados “sugeriram a manutenção de pressões inflacionárias na economia do país, processo que deve ter como consequência a manutenção da postura restritiva por parte do Fed em relação à política monetária, o que proporcionou um influxo de recursos na economia norte-americana” e uma recuperação pontual do dólar em relação aos menores patamares do dia, disse Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

Depois de chegar a cair até 1,13% nas primeiras negociações, a 5,2410 reais, o dólar ganhou fôlego na esteira dos dados da indústria norte-americana e chegou a reduzir a queda para apenas 0,02%, a 5,3002 reais, no início da tarde, antes de voltar a operar firmemente no vermelho e seguir assim até o encerramento.

O Federal Reserve, banco central dos EUA, já subiu os juros em 3 pontos percentuais desde março deste ano, e contratos futuros vinculados a sua taxa básica embutem nova alta de 0,75 ponto percentual, pelo menos, em sua reunião de política monetária de novembro.

Quanto mais altos os custos dos empréstimos dos EUA, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme o mercado de dívida norte-americano começa a oferecer rendimentos maiores a risco quase zero, atraindo capital estrangeiro.

No Brasil, no entanto, especialistas vêm apontando fatores domésticos como pontos de apoio para a moeda local em meio ao ambiente externo ainda desafiador: “Vale lembrar que a taxa Selic em níveis de 13,75%, além da resiliência de dados econômicos recentes, ajuda também a impulsionar o real”, disse Boragini, da Davos.

Ele acrescentou que o mercado local “segue de olho nas eleições e acompanha de perto as pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas ao longo da semana”, a apenas 12 dias do segundo turno entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

O dólar cai 5,72% frente ao real até agora em 2022, embora esteja 14% acima da menor cotação de encerramento do ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.

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