O dólar tinha leve baixa ante o real nesta segunda-feira, uma vez que a promessa de membros do governo de mais medidas fiscais ajudavam a moeda brasileira a superar a aversão ao risco no exterior diante da perspectiva de abordagem mais cautelosa pelo Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário.

Às 10h04, o dólar à vista caía 0,31%, a 6,0840 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,31%, a 6,109 reais na venda.

+ Mercado eleva projeções para inflação e vê dólar em R$ 6 até fim de 2026

Investidores reagiam positivamente nesta sessão a promessas recentes de membros do Executivo, incluindo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a equipe econômica apresentará novas medidas a fim de garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal.

Haddad disse em entrevista à GloboNews na sexta-feira que o governo segue estudando novas iniciativas para sanear as contas públicas, acrescentando que “só o que se faz” na Fazenda é estudar novas iniciativas.

Já o secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o governo deve adotar novas medidas fiscais neste ano. De acordo com Durigan, as novas propostas de corte de despesas e arrecadação devem começar a ser debatidas após a aprovação pelo Congresso do Orçamento de 2025.

O dólar disparou contra o real nas últimas semanas do ano passado diante do aumento dos receios do mercado com o compromisso do governo em equilibrar os riscos, particularmente após o anúncio de um projeto de reforma do Imposto de Renda que ofuscou a apresentação de medidas de contenção de gastos.

Desde então, o Executivo tem agido para tentar conter a deterioração da moeda brasileira, articulando para aprovar todas as medidas fiscais no Congresso já no ano passado e com intervenções verbais de membros da equipe econômica em defesa do equilíbrio fiscal.

“Hoje o mercado está um pouco menos pessimista em relação ao fiscal, que já vimos notícias bem interessantes e melhora na perspectiva para 2025”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank. “Vejo uma força-tarefa do governo para melhorar a credibilidade em relação ao governo a fim de mostrar compromisso com o fiscal”, acrescentou.

Juros nos EUA

No cenário externo, os mercados globais ainda reagiam nesta sessão à divulgação de um relatório de emprego mais forte do que o esperado nos Estados Unidos em dezembro, reforçando a mensagem recente de membros do Fed de que precisarão de mais cautela ao avaliar novos cortes na taxa de juros.

O governo norte-americano informou na sexta-feira que os empregadores do país criaram 256.000 postos de trabalho em dezembro, bem acima dos 160.000 projetados em pesquisa da Reuters, o que demonstrou que o mercado de trabalho dos EUA continua resiliente.

Com o resultado, operadores reavaliaram suas apostas sobre a trajetória dos juros nos EUA, com expectativa agora de que o Fed possa manter a taxa este ano, ante a projeção de até duas reduções anteriormente, o que favorece o dólar.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,26%, a 109,950.

Entre emergentes, a divisa dos EUA avançava sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

“Quando olhamos lá fora, ainda há percepção de excepcionalíssimo dos EUA, o que favorece o dólar. O exterior ainda reflete isso”, afirmou Moutinho.

Os investidores também se posicionam para o início do governo de Donald Trump nos EUA, com analistas prevendo que suas promessas, incluindo tarifas de importação, podem ser inflacionárias, o que manteria os juros elevados.

As atenções se voltarão na quarta-feira para uma leitura da inflação ao consumidor nos EUA, à medida que o Fed ainda busca levar o nível dos preços de volta a sua meta de 2%.