Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar caía ligeiramente nesta quarta-feira, com investidores encontrando alento em dados de inflação ao produtor dos Estados Unidos em linha com o esperado, que permitiam um tímido ajuste da moeda após uma disparada na véspera, embora uma alta inesperada nos preços ao consumidor da maior economia do mundo em agosto ainda fosse motivo de cautela.

O índice de preços ao produtor para a demanda final dos EUA caiu 0,1% no mês passado, depois de recuar 0,4% em julho, informou o Departamento do Trabalho norte-americano nesta quarta. Nos 12 meses até agosto, o índice subiu 8,7%, desacelerando ante alta de 9,8% em julho.

Às 10:11 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,13%, a 5,1836 reais na venda. Na mínima do dia, atingida após a divulgação da leitura de inflação ao produtor dos EUA, a moeda caiu 0,77%, a 5,1500 reais, mas já se afastou desse patamar.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,04%, a 5,2060 reais.

No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes tinha queda de 0,4% nesta manhã, depois de na véspera ter registrado sua maior alta diária desde 2020.

“Acho que esse dado da inflação ao produtor –embora o núcleo, que tira alimentos e energia, tenha vindo ligeiramente acima do esperado– não divergiu tanto (das expectativas do mercado) quanto o CPI (índice de preços ao consumidor)”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

“O mercado está se sentindo confortável para fazer uma leve correção do movimento de ontem.”

Na véspera, o dólar saltou 1,80% contra a moeda brasileira, a 5,1902 reais, maior valorização percentual diária desde 2 de agosto (1,93%), refletindo movimento internacional de aversão a risco após dados mostrarem que o índice de preços ao consumidor dos EUA subiu 0,1% em agosto, contrariando expectativa de leve deflação por parte dos mercados.

O núcleo da inflação ao consumidor, que exclui componentes voláteis, também surpreendeu para cima, o que acendeu o alerta em relação ao atual ciclo de aperto monetário do banco central norte-americano, o Federal Reserve. Os mercados monetários passaram a dar como praticamente certo um aumento de juro de, pelo menos, 0,75 ponto percentual no encontro do Fed deste mês, nos dias 20 e 21, e embutindo pequenas chances de ajuste ainda mais agressivo, de 1 ponto percentual completo.

“Indo para a reunião do Fed na semana que vem, será muito difícil para o mercado moderar esse risco de uma aceleração (do ritmo de aperto monetário) do Fed”, disse o Citi em relatório desta quarta-feira.

“Esperamos, portanto, que o rali do dólar continue, mesmo que o câmbio latino-americano possa continuar a ter desempenho superior devido ao ‘carry’ (retorno de taxa de juros).”

Quanto mais altos os custos dos empréstimos em determinado país, mais atraente tende a ficar seu mercado de renda fixa, o que chama capital estrangeiro e beneficia a moeda local. Os Estados Unidos têm a vantagem adicional de serem considerados destino muito seguro para investimentos, o que tem beneficiado o dólar durante o atual ciclo de aperto pelo Fed.

O banco central norte-americano já subiu sua taxa de juros em 2,25 ponto percentual desde março deste ano. No Brasil, a taxa Selic está atualmente em 13,75%.

(Por Luana Maria Benedito; edição de José de Castro)

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