Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar teve leve queda contra o real nesta quinta-feira, mesmo após a divulgação de dados norte-americanos de inflação mais altos do que o esperado, enquanto a perspectiva de aumento de juros no Brasil continuava sob os holofotes.

O dólar à vista cedeu 0,07% contra o real, a 5,0669 reais na venda. No decorrer do pregão, a moeda chegou a tocar 5,0329 reais na mínima, queda de 0,74%, e 5,0930 na máxima, alta de 0,45%.

Na B3, o dólar futuro de maior liquidez ganhava 0,14%, a 5,0800 reais.

O grande “driver” dos mercados nesta quinta-feira foi um relatório do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgado pela manhã. Os dados mostraram que o índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,6% no mês passado, após alta de 0,8% em abril, que havia sido a maior taxa desde junho de 2009.

Nos 12 meses até maio, o índice acelerou a 5,0%, maior alta anual desde agosto de 2008, que veio após ganho de 4,2% em abril. Economistas esperavam alta do índice de 0,4% em maio e de 4,7% em 12 meses.

“A inflação norte-americana veio levemente acima do esperado, mas não foi uma surpresa muito grande”, disse à Reuters Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, destacando que a alta foi puxada principalmente pelas classes de ativos que têm acelerado com a reabertura econômica, após inatividade durante momentos piores da pandemia.

“O que chamou a atenção é que o mercado cada vez mais está comprando a ideia de uma inflação passageira, alinhada ao discurso do Federal Reserve.”

Embora alguns funcionários do banco central norte-americano já tenham começado a reconhecer que estão mais próximos de um debate sobre quando retirar parte de seu estímulo, várias autoridades afirmaram repetidas vezes que enxergam as pressões inflacionárias como temporárias, o que justificaria a manutenção de seu estímulo à economia.

Morelli explicou que a perspectiva de manutenção da política monetária acomodatícia nos EUA, combinada à tendência de elevação de juros no ambiente doméstico, é benéfica para o real. “O diferencial de juros começa a ficar mais atrativo para o Brasil, e fazia tempo que isso não acontecia”, afirmou.

Na quarta-feira que vem, tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central do Brasil encerram seus encontros de política monetária de dois dias.

Por aqui, a expectativa é de elevação da taxa Selic a 4,25% ao ano, ante patamar atual de 3,5%.

Além do endurecimento da política monetária no Brasil, Morelli chamou a atenção para outro fator que, segundo ele, tem beneficiado o real: o bom desempenho econômico, que por sua vez tem levado a uma melhor percepção sobre a relação dívida/PIB.

Na segunda-feira, a pesquisa Focus do Banco Central mostrou que o mercado elevou com força a expectativa de crescimento econômico do Brasil em 2021 depois de dados melhores do que o esperado sobre a atividade divulgados na semana passada.

Até agora em 2021, o dólar acumula queda de aproximadamente 2,4% contra o real.

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