O dólar à vista fechou nesta segunda-feira, 9, em leve baixa no Brasil, apesar do avanço quase generalizado da moeda norte-americana no exterior, com o real sendo impulsionado pela expectativa de que o diferencial de juros se tornará mais favorável ao país com o corte de juros pelo Federal Reserve e com a alta da Selic pelo Banco Central, na próxima semana.

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O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,14%, cotado a R$ 5,5817. Em setembro, a divisa acumula queda de 0,97%. Veja cotações.

Às 17h10, na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido do mercado brasileiro — tinha baixa de 0,41%, aos 5,5930 reais.

O Ibovespa fechou com um acréscimo discreto nesta segunda-feira, assegurado pelas ações da Petrobras na esteira da alta dos preços do petróleo no exterior, enquanto Azul voltou a figurar entre as maiores quedas com receios persistentes sobre o endividamento da companhia aérea.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,12%, a 134.737,21 pontos, tendo marcado 134.399,45 pontos na mínima e 135.249,97 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$ 16,07 bilhões.

O dólar no dia

A moeda norte-americana começou o dia no Brasil em alta firme ante o real, acompanhando o avanço da divisa dos EUA também no exterior, em meio à expectativa de que o Federal Reserve comece o afrouxamento monetário na próxima semana de forma gradual, cortando os juros em 25 pontos-base.

Dados econômicos fracos do Japão e da China também pesavam sobre o iene e sobre as divisas de exportadores de commodities, favorecendo o dólar.

Neste cenário, o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,6415 reais (+0,93%) às 9h55, ainda na primeira hora de negócios.

No restante da sessão, porém, o dólar perdeu força ante o real, refletindo a perspectiva de diferencial de juros favorável ao Brasil no futuro próximo.

Enquanto a curva de juros brasileira precificava alta de 25 pontos-base da Selic pelo BC, a curva norte-americana refletia a perspectiva de corte de 25 pontos-base pelo Fed, ambos na próxima semana. Atualmente a Selic está em 10,50% ao ano, enquanto a taxa básica norte-americana está na faixa de 5,25% a 5,50%.

Pela manhã, o boletim Focus do Banco Central indicou que a projeção mediana do mercado para a Selic no fim de 2024 passou de 10,50% para 11,25% ao ano. Na prática, a mudança representa a perspectiva de três altas de 25 pontos-base da Selic ainda este ano — em setembro, novembro e dezembro.

“Esta projeção do Focus consolidou a visão de que o carrego será mais robusto no câmbio. Com isso, a moeda (real) ganha aqui mais proteção, porque fica mais caro apostar contra o BRL”, comentou Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura.

Assim, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,5755 reais (-0,25%) às 14h32, a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana seguir sustentando ganhos ante a maior parte das demais divisas.

Às 17h09, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,40%, a 101,600.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

“O foco está no suporte inicial em 133.800 pontos”, afirmaram analistas do Itaú BBA. “Abaixo deste, o índice abrirá espaço para uma realização de lucros mais acentuada. Neste caso, o próximo suporte está em 131.800 pontos — patamar que mantém o índice em tendência de alta no curto prazo.”

Pensando em alta novamente, eles avaliam que o Ibovespa precisa superar a máxima em 137.469 pontos, que é a referência no curto prazo, conforme o relatório de análise técnica Diário do Grafista. “Os próximos objetivos, caso ultrapasse a máxima, estão em 141.000 e 150.000 pontos.”

Wall Street endossou o sinal positivo no pregão brasileiro, com o S&P 500 encerrando em alta de 1,16%, após uma semana de fortes perdas, com agentes financeiros à espera de dados de inflação nos Estados Unidos nesta semana, antes da decisão de juros do Federal Reserve no próximo dia 18.

No Brasil, pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira passou a mostrar previsão de alta na taxa básica de juros na reunião de 17 e 18 de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom), de 0,25 ponto percentual, com a Selic encerrando o ano a 11,25%, de 10,50% ao ano atualmente.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN avançou 1,09%, após duas quedas seguidas, encontrando suporte na alta dos preços do petróleo, que se recuperaram no exterior após sequência de quedas. PETROBRAS ON subiu 1,34%

– ITAÚ UNIBANCO PN fechou com elevação de 0,97%, acompanhado por BRADESCO PN, em alta de 0,32%, e BANCO DO BRASIL ON, com acréscimo de 1,25%, enquanto SANTANDER BRASIL UNIT encerrou com ganho de 0,1%.

– VALE ON terminou estável, com os futuros do minério de ferro na China fechando em alta e quebrando uma série de seis dias de queda.

– AZUL PN caiu 8,33%, renovando mínima histórica intradia a 4,02 reais no pior momento da sessão. A companhia reiterou na sexta-feira que está explorando diversas modalidades de negócio para otimizar a sua estrutura de capital e que está analisando outras formas de captação de recursos por meio do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) e utilizando a Azul Cargo como garantia, no valor de até 800 milhões de dólares.

– CSN MINERAÇÃO ON caiu 4,37%, enquanto CSN ON cedeu 1,12%. Analistas do Itaú BBA cortaram a recomendação de CSN Mineração para “underperform”, enquanto elevaram a de CSN para “market perform”.

– GERDAU PN valorizou-se 1,82%, com analistas do Bank of America reiterando “compra” para a ação e elevando preço-alvo de 25 para 26 reais. O BofA cortou o preço-alvo de CSN de 14 para 11,50 reais e o de Usiminas de 6 para 5,50 reais. USIMINAS PNA recuou 2,5%.

– MRV&CO ON subiu 2,66%, descolada do índice do setor imobiliário, que fechou com variação negativa de 0,18%. Analistas do BTG Pactual reiteraram recomendação de “compra” para a ação, com preço-alvo de 17 reais, após encontro com executivos da construtora sobre as perspectivas da empresa.

– IRB(RE) ON caiu 3,79%, em mais um dia de ajustes, após desempenho robusto em agosto.