11/08/2025 - 17:49
Em pregão de liquidez reduzida, o dólar registrou leve alta nesta segunda-feira, 11, alinhado ao comportamento da moeda norte-americana no exterior. Operadores dizem que o dia foi de ajustes, após a queda de 1,97% na semana passada, diante das apostas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em setembro.
Com agenda esvaziada, investidores ficaram cautelosos à espera do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em julho. A notícia de que o presidente Donald Trump estenderá as negociações com a China por mais 90 dias não afetou o câmbio.
Com variação inferior a três centavos entre a mínima (R$ 5,4342) e a máxima (R$ 5,4597), o dólar à vista fechou em alta de 0,11%, a R$ 5,4420.
Após subir 3,07% em julho, a moeda já cai nos sete primeiros pregões de agosto. No ano, recua 11,94% frente ao real.
“O dia foi fraco, com pequenos ajustes, sem um evento que direcionasse os negócios. O dólar caiu muito na semana passada no mercado internacional com a perspectiva de que o Fed corte os juros no mês que vem por conta da piora do mercado de trabalho americano”, afirma o estrategista-chefe da EPS Investimentos, Luciano Rostagno.
Ele diz que o real se beneficia da desvalorização global do dólar e da expectativa de Selic em 15% ao ano por período prolongado, que mantém elevado o diferencial de juros e estimula carry trade.
Pela manhã, em evento da Associação Comercial de São Paulo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que não vê as projeções de inflação convergindo para a meta de 3% e que a autoridade monetária não se desviará “um milímetro” desse objetivo.
Investidores aguardam o plano de contingência do governo para mitigar o impacto da tarifa de 50% imposta pelos EUA a parte das exportações brasileiras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne-se com o vice Geraldo Alckmin para tratar do tema.
À tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que a reunião com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, prevista para quarta-feira, 13, foi cancelada sem nova data. Ele citou entrevista de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e disse que “não há como não relacionar uma coisa com a outra”.
Ao Financial Times, Eduardo declarou que os EUA, após sancionarem Alexandre de Moraes, devem aplicar novas sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal pelo processo contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na visão de Rostagno, as “turbulências” internas podem limitar a queda do dólar. “No curto prazo, com o Fed entregando cortes de juros, podemos ver a taxa de câmbio real próxima de R$ 5,40. Mas não vejo espaço para recuar muito além disso”, diz.
A Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou superávit de US$ 1,286 bilhão na segunda semana de agosto, elevando o saldo do mês a US$ 2,217 bilhões e o anual a US$ 39,199 bilhões.
O Bradesco avalia que o enfraquecimento do dólar favorece o real, mas mantém a projeção de câmbio em R$ 5,50 no fim deste ano e do próximo, citando a incerteza internacional.