SÃO PAULO (Reuters) -O dólar registrou a maior queda percentual diária em duas semanas nesta quarta-feira, com o real dividindo a dianteira nos mercados globais de câmbio conforme investidores realizavam lucros depois da forte alta recente do dólar.

O clima mais ameno no exterior, onde os ativos financeiros ganharam terreno na parte da tarde, foi decisivo para que o dólar aprofundasse as quedas por aqui. A menor liquidez, típica de fim de ano, exacerbou os movimentos.

O dólar à vista fechou em baixa de 1,24%, a 5,6684 reais na venda. É a maior baixa percentual desde o último dia 8 (-1,49%).

Na B3, às 17:27 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,46%, a 5,6715 reais. As operações com dólar futuro na bolsa brasileira se encerram às 18h30.

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A moeda brasileira dividiu com o peso chileno o posto de divisa com melhor desempenho nesta sessão.

Pela manhã, a cotação hesitou e chegou a subir 0,08%, para 5,7442 reais, logo depois da abertura. A moeda alterou momentos de fôlego e depreciação posteriormente, mas já perto da abertura dos mercados em Nova York, quase no fim da manhã, firmou queda, até pouco antes das 16h30 marcar 5,6617 reais, baixa de 1,35% e mínima do dia.

Ao mesmo tempo, o dólar intensificou as perdas contra uma cesta de moedas no exterior e caía 0,38% no fim desta tarde, para perto das mínimas do dia. As moedas emergentes subiam 0,8%.

“Não estamos tendo uma pressão no número de fatalidades por causa da Ômicron, então isso tira uma parte do peso do mercado”, disse Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original.

Os receios sobre a nova cepa do coronavírus, considerada mais transmissível, derrubaram os mercados globais em sessões recentes e catapultaram o dólar em todo o mundo. Aqui, a moeda contabilizou recentemente seis altas em oito sessões, período em que rompeu a barreira dos 5,70 reais e acumulou um salto de 3,77%.

O alívio no dólar em todo o mundo nesta sessão pode ter sido também exacerbado pela menor liquidez, conforme investidores reduzem o ritmo antes do Natal e do Ano Novo. No Brasil, o volume de contratos de dólar futuro negociados na B3 mal superava 170 mil às 17h22, 28% abaixo da média de 21 sessões (cerca de um mês) e 33% aquém da média de 42 pregões.

Em meio à menor liquidez, o Banco Central proveu dólares ao mercado. A autoridade monetária vendeu o lote integral ofertado de 700 milhões de dólares em swaps cambiais “novos” e, posteriormente, adiou o vencimento de 731 milhões de dólares nesses derivativos.

Na seara fiscal doméstica –um dos principais guias da taxa de câmbio neste ano–, os agentes financeiros se debruçaram sobre o Orçamento de 2022, aprovado na véspera pelo Congresso. O parecer aprovado prevê que, após a aprovação das emendas constitucionais que alteraram a forma de pagamento dos precatórios, será criada uma margem fiscal para o próximo ano de 113,1 bilhões de reais, valor superior à estimativa do governo federal de 106 bilhões de reais.

“Após o alargamento do teto de gastos e o não pagamento de precatórios, o Orçamento de 2022 parece crível, mas não será executado sem desafios”, disse a XP em nota.

“O fiscal ainda vai ser uma faca no pescoço em 2022. Temos que entender qual tipo de regra fiscal vai prevalecer no país, e essa resposta vamos ter com as eleições”, disse Caruso, do Banco Original.

Impulsionado pelo esperado aperto da política monetária dos EUA em 2022 e pela expectativa de diferencial de crescimento econômico a favor dos norte-americanos, Caruso projeta dólar de 6,15 reais ao fim do ano que vem, valorização nominal de 8,50% ante o fechamento desta quarta.

Em dezembro, o dólar acumula alta de 0,45%, elevando os ganhos em 2021 a 9,07%.