SÃO PAULO (Reuters) – O dólar caía frente ao real na manhã desta quinta-feira, embora tenha devolvido algumas perdas na esteira da renúncia da primeira-ministra britânica, acompanhando fraqueza da divisa norte-americana no exterior à medida que balanços empresariais fortes compensavam, ainda que passageiramente, temores de aperto monetário nos Estados Unidos.

Enquanto isso, no Brasil, investidores digeriam pesquisas de intenção de voto antes do segundo turno das eleições, diante de pano de fundo macroeconômico ainda visto como positivo para o real.

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Às 10:23 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,64%, a 5,2416 reais na venda.

Na B3, às 10:23 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,57%, a 5,2520 reais.

Mais cedo, a moeda norte-americana à vista chegou a cair 1,21%, a 5,2117 reais, mas ganhou fôlego em linha com piora nas bolsas de valores globais depois que Liz Truss disse nesta quinta-feira que está renunciando ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido.

Truss foi derrubada por seu programa econômico de amplos cortes de impostos, que abalou os mercados e dividiu seu Partido Conservador apenas seis semanas depois de sua nomeação.

Apesar do aumento da incerteza num dos principais centros financeiros do mundo, o dólar continuava enfraquecido no exterior, com seu índice frente a uma cesta de pares fortes caindo 0,30% nesta manhã, abatido pelo otimismo sobre a temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos.

Estrategistas da Travelex destacaram em nota o movimento da moeda norte-americana no exterior como fator de impulso para o real nesta quinta-feira, mas também chamaram a atenção para pesquisas de intenção de voto domésticas, que vêm mostrando redução da diferença entre os dois candidatos à Presidência.

Pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira mostrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 49% das intenções de voto –mesmo patamar da pesquisa anterior– e Jair Bolsonaro (PL) indo para 45% –variação positiva de 1 ponto. Como a margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, o petista e o candidato à reeleição estão em empate técnico.

Investidores acreditam que o acirramento da disputa pelo Planalto pode forçar tanto Lula quanto Bolsonaro a moderar seus discursos e buscar alianças mais ao centro.

À medida que os mercados financeiros aguardam o segundo turno das eleições, o cenário econômico doméstico continua sendo apontado como um grande suporte para a divisa local.

“O Brasil está na contramão do mundo: tem uma inflação que está desacelerando, chegou no final do ciclo de alta de juros e tem uma atividade econômica que tem trazido bons resultados, surpreendido positivamente”, disse à Reuters Rafael Perez, economista da Suno Research.

A taxa Selic está atualmente em 13,75%, nível que torna o real atraente para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de juros entre duas economias.

Ainda assim, Perez alertou para a manutenção de temores internacionais, conforme a inflação elevada nas principais economias segue forçando os bancos centrais a apertar suas respectivas políticas monetárias, mesmo em meio a temores de recessão: “Você meio que tem uma tempestade perfeita, uma fonte de muita incerteza, muita volatilidade.”

Segundo o economista, frente aos cenários externo e interno conflitantes, a tendência é de que os catalisadores do mercado de câmbio local se alternem entre a cautela global e o relativo otimismo em relação à economia brasileira, com o dólar devendo encerrar este ano não muito distante dos níveis atuais, entre 5,20 e 5,30 reais.

(Por Luana Maria Benedito)

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