17/11/2021 - 18:18
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar emendou a terceira alta nesta quarta-feira, firmando-se acima de 5,50 reais e fechando na máxima em mais de uma semana, com as operações locais novamente guiadas pelo clima externo mais conservador e pela incerteza sobre o rumo das discussões fiscais no Brasil.
O mercado “vendeu Brasil” de maneira geral, com o Ibovespa em queda de mais de 1% e nas mínimas em um ano e os juros futuros em disparada de 15 pontos-base em alguns vencimentos até janeiro de 2027.
“Estou pessimista”, disse um gestor de um grande banco em São Paulo que pediu para não ser identificado. “A Bolsa deve cair bem, o DI é para cima –e eventualmente a curva inclina de novo–, e no dólar estou mais na dúvida”, disse, lembrando que o juro já mais alto e a perspectiva de que fique mais elevado ajudam a amortecer pressão na taxa de câmbio.
O noticiário vindo de Brasília seguiu inspirando preocupação, com declarações do relator da PEC dos Precatórios no Senado não tão alinhadas às do presidente Jair Bolsonaro sobre reajuste de salários de servidores públicos, o que mantém o clima de indefinição sobre os rumos e usos da PEC.
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O dólar à vista subiu 0,48%, a 5,5264 reais na venda, máxima desde o último dia 8 (5,5417 reais). Em três altas seguidas, a cotação acumulou ganho de 2,28%.
A moeda até esboçou correção de baixa mais cedo, quando chegou a cair 0,61%, para 5,4661 reais. Mas ainda pela manhã tomou fôlego e, com o impulso adicional visto na parte da tarde, foi a uma máxima de 5,534 reais, valorização de 0,62%.
Além dos catalisadores domésticos, o exterior também operou a favor do dólar nesta quarta, uma vez que investidores evitaram ativos de risco por temores sobre aumento antecipado de juros nos EUA. O iene japonês, visto como ativo seguro, era destaque global de ganhos, enquanto algumas moedas emergentes –sobretudo peso chileno e lira turca– tinham fortes quedas.