25/08/2021 - 18:10
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar voltou a cair nesta quarta-feira e fechou na mínima em pouco mais de duas semanas, com o real mais uma vez liderando os ganhos entre as principais divisas globais em meio a um bom humor externo e novos ajustes após a forte pressão recente no mercado de câmbio.
Ainda sob a batuta de declarações feitas na véspera pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre responsabilidade com as contas públicas e de comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campo Neto, acerca de um pano de fundo fiscal “inegavelmente melhor”, o mercado reagiu ainda a mais recordes nos dados da arrecadação federal de julho –os quais, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicam que este é o momento certo para o país prosseguir com uma reforma tributária.
Guedes reiterou que o fiscal está controlado, enquanto em evento nesta quarta Campos Neto repetiu que o BC fará o que for preciso para colocar a inflação na meta –sugerindo, assim, aumentos de juros tantos quantos forem necessários. O IPCA-15 disparou para o nível mais alto para um mês de agosto em quase duas décadas, conforme dados do IBGE divulgados nesta quarta.
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Contratos de NDF de real de uma semana carregam retorno de 5% ao ano (a Selic está em 5,25%), mas os vencimentos de 12 meses já embutem taxa de 7,5%, contra 2,3% do começo do ano, indicando perspectiva de aumento dos rendimentos em aplicações em renda fixa denominada na moeda brasileira, na esteira da expectativa de novos acréscimos na Selic pelo BC.
“Os juros altos tendem a beneficiar a moeda (brasileira), mas isso ainda depende, porque se o turbilhão de Brasília seguir aquecido a gente pode ter mais pressão no câmbio e um real desvalorizado”, afirmou Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Financial Partnership.
A outra parte da queda do dólar nesta sessão veio do exterior, onde a moeda norte-americana mantinha viés de baixa e o otimismo continuou a dominar o mercado de ações, que em Wall Street voltou a renovar recordes [.NPT].
Investidores aguardam com ansiedade sinalizações pelo banco central dos EUA (Fed) sobre eventual corte de estímulos, e elas podem ser dadas na sexta-feira, quando o líder do Fed, Jerome Powell, discursará.
O dólar à vista caiu 0,95% nesta quarta, a 5,2115 reais na venda, menor patamar desde o último dia 10 (5,1957 reais).
Neste pregão, a divisa variou de alta de 0,20% (a 5,2717 reais) a queda de 1,04% (para 5,2064 reais).
Com a baixa desta quarta, o dólar perdeu o suporte da média móvel linear de 100 dias (agora em 5,2547 reais), depois de na véspera deixar para trás a média de 200 dias (então em 5,3317 reais), potencialmente acionando ordens automáticas de venda da moeda, movimento que retroalimentaria o declínio da cotação.