O dólar fechou a última sessão da semana novamente acima de R$ 5,60, impulsionado pelas preocupações dos investidores com o equilíbrio fiscal no Brasil, ainda que no exterior a moeda norte-americana cedesse ante a maior parte das demais divisas nesta sexta-feira, 11.

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O dólar à vista fechou em alta de 0,55%, cotado a R$ 5,6156. Na semana, a divisa acumulou ganhos de 2,92%.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,62%, a 5,6325 reais na venda.

O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, descolado de Wall Street, em mais uma sessão de alta nas taxas dos DIs, mas o declínio foi atenuado pelo avanço das ações da Vale, endossado pelo aumento dos preços futuros do minério de ferro.

Índice de referência do mercado acionário norte-americano, o Ibovespa caiu 0,27%, a 130.006,52 pontos, acumulando uma perda de 1,35% na semana, segundo dados preliminares. Na máxima do dia, marcou 130.353,99 pontos. Na mínima, 129.337,68 pontos.

O volume financeiro no pregão somava 16,57 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

A moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa ante o real no início da sessão, em sintonia com a maior acomodação da divisa dos EUA no exterior após a divulgação de dados considerados neutros da inflação ao produtor.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA em setembro ficou estável, ante expectativa de alta de 0,1% de economistas ouvidos pela Reuters.

Pouco depois do PPI, às 9h32, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,5593 reais (-0,46%) no Brasil. Mas durante a manhã o dólar escalou patamares bem mais altos ante o real, atingindo a máxima de 5,6543 reais (+1,24%) às 10h52.

Por trás do movimento estavam novamente preocupações em torno do equilíbrio fiscal brasileiro — fator que também sustentou o forte avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta sexta-feira.

“Estamos em trajetória de alta de juros por aqui e de queda nos EUA. Então o carry trade para o Brasil está muito atrativo e temos ainda os estímulos (à economia) da China, o que coloca tudo a favor do real”, comentou durante a tarde Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

No carry trade, investidores tomam recursos em países com taxas de juros baixas e reinvestem em países como o Brasil, onde a taxa de juros é maior. O fluxo de entrada de recursos no país tende a jogar as cotações do dólar para baixo.

“Só que o gringo não está entrando. Apesar dos fatores macro para termos um real mais forte, há uma coisa engasgada no mercado: o fiscal”, acrescentou Massote.

As preocupações com o equilíbrio fiscal permearam os negócios apesar de não terem surgido novidades de impacto nesta área nos últimos dias. Na manhã desta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista a uma rádio de Fortaleza, mas suas declarações não fugiram do roteiro recente.

Lula defendeu que a ampliação da faixa de isenção de imposto de renda, para até 5 mil reais, seja compensada pela taxação dos mais ricos, repetindo declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Os receios com o equilíbrio fiscal brasileiro sustentaram o dólar no Brasil nesta sexta-feira a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana estar em baixa ante divisas pares do real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

Em relação às divisas fortes, o dólar sustentava leves ganhos. Às 17h21, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,04%, a 102,930.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.

O dia do Ibovespa

A bolsa paulista segue contaminada pelos receios com a cena fiscal do país e seus reflexos na política monetária, particularmente o risco de excessos fiscais precisarem ser compensados por uma Selic mais elevada.

Nesse contexto, as taxas dos DIs avançaram nesta sexta-feira mesmo com a estabilização nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O yield do Treasury de 10 anos marcava 4,0944% no final do dia, de 4,094% na véspera.

De acordo com analistas do Itaú BBA, tem sido rotina, na maior parte dos pregões, o Ibovespa ir na contramão das bolsas norte-americanas. Nesta sessão, o S&P 500 subiu 0,61%.

“A expectativa de uma recuperação existe, mas o índice precisa superar a resistência inicial em 131.800 pontos”, afirmou a equipe do Itaú BBA no relatório Diário do Grafista, enviado a clientes nesta sexta-feira.

DESTAQUES

– MERV&CO ON fechou em baixa de 5,4%, na terceira queda seguida, devolvendo parte do ganho do mês, em dia negativo para construtoras de modo geral, minadas pelo movimento dos DIs. O índice do setor imobiliário na B3, que também inclui ações de empresas de shopping centers, recuou 1,29%.

– GERDAU PN caiu 3,76%, pior desempenho no setor. Analistas do Itaú BBA chamaram a atenção em relatório para anúncio na véspera da siderúrgica norte-americana Nucor, de redução imediata de preço de 120 dólares por tonelada na maioria de seus produtos comerciais e estruturais nos EUA.

– MINERVA ON cedeu 4,48%, em sessão negativa para o setor, com MARFRIG perdendo 3,35% e JBS ON terminando em queda de 1,58%.

– GPA ON subiu 3,81%, revertendo a fraqueza do começo do pregão, assim como reagiu ASSAÍ ON, que encerrou com acréscimo de 1,05%. CARREFOUR BRASIL ON também mostrou melhora, distanciando da mínima do dia, quando marcou o piso histórico de 7,17 reais (-4,78%), mas ainda caiu 2,39%.

– VALE ON avançou 1,44%, apoiada pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em alta de mais de 1%. Investidores estão na expectativa de anúncio de novos estímulos na China no fim de semana.

– PETROBRAS PN perdeu 0,08%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent encerrou com decréscimo de 0,45%.

– BANCO DO BRASIL ON valorizou-se 0,5%, destoando do sinal predominante das ações de bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN recuando 1,33%, ITAÚ UNIBANCO PN caindo 0,75% e SANTANDER BRASIL UNIT cedendo 0,07%.