A decisão do Federal Reserve e a posterior coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell, demoraram a dar uma tendência clara ao mercado de câmbio doméstico, que, no fim, terminou apresentando valorização do real. O forte movimento de alta ante o real visto logo cedo, em meio ao mal-estar com os rumos da transição de governo, foi sendo gradualmente deixado de lado com relatos de fluxo comercial para o Brasil, enquanto o mercado aguardava o Banco Central dos Estados Unidos. O dólar à vista terminou a sessão desta quarta-feira em queda de 0,27%, aos R$ 5,3010.

O incômodo com a cena política foi expresso nas cotações logo cedo, com o dólar correndo à máxima de R$ 5,3725 ainda na primeira meia hora de negócios. A escolha de Aloizio Mercadante para o BNDES e a manobra que a Câmara fez, ontem à noite, na Lei de Estatais seguiam incomodando os agentes, a despeito de sinalização por parte do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de antecipar o debate sobre a âncora fiscal.

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Mas depois das primeiras horas bastante pressionadas, operadores relataram que a entrada de fluxo comercial foram abrandando a cotação do dólar ao longo da sessão, até o ponto em que ela virou para o negativo por volta das 14h.

Como o esperado, o BC dos EUA diminuiu o ritmo de elevação da taxa de juros, mas reforçou que novas altas de juros serão necessárias para levar a política monetária a um nível restritivo. Foram apresentadas ainda as projeções dos dirigentes, que agora veem os juros mais elevados do que em setembro. A mediana para 2023 subiu de 4,6% a 5,1% e de 2024 foi de 3,9% para 4,1%.

Apesar de uma percepção inicial mais hawkish, o câmbio, tanto aqui quanto no exterior, esperava as falas de Powell para firmar uma tendência, que viria mesmo somente no fim da sessão.

O presidente do Fed reforçou que a decisão de fevereiro é dependente de dados e lembrou que as informações correntes sobre a inflação, como o CPI de ontem, surpreenderam para baixo. Disse também esperar “quedas significativas” na inflação e em seu núcleo em 2023. Ele sugeriu ainda que os juros já se aproximam do nível “suficientemente restritivo”, mesmo que ali tenha de permanecer por um período prolongado.

Esse conjunto de informações veio após o dólar à vista fechar, deixando a reação para o segmento futuro. A moeda para janeiro fechou em queda de 0,09%, aos R4 5,3095. O giro de negócios foi de US$ 15,3 bilhões. Lá fora, as declarações de Powell derrubaram o DXY para a faixa de 103 pontos.