Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar passou a subir em relação ao real nesta quinta-feira, acompanhando recuperação externa da moeda norte-americana, conforme investidores continuavam digerindo as decisões de política monetária da véspera do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil.

Às 11:57 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,57%, a 5,0212 reais na venda, deixando para trás suas perdas iniciais.

+ Moedas Globais: dólar recua, seguindo decisão do Fed e possível pausa nas altas de juros

Na B3, às 11:57 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,55%, a 5,0485 reais.

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, descreveu esse movimento como “uma valorização generalizada do dólar no exterior” e “movimento de correção” depois da queda acentuada da divisa norte-americana frente ao real na véspera.

De fato, no mercado internacional, o índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes avançava 0,3%, abandonando quedas de mais cedo. Enquanto isso, no mercado local, na véspera a divisa dos EUA caiu mais de 1% frente ao real.

Na quarta-feira, o Federal Reserve elevou sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou que deve pausar os aumentos, dando tempo às autoridades para avaliar as consequências das recentes falências de bancos, aguardar a resolução de um impasse político sobre o teto da dívida dos Estados Unidos e monitorar o curso da inflação.

“Por um lado, o Fed deu sinais ontem de pausa no ciclo de aperto monetário, o que inclusive favoreceu as dívidas emergentes, incluindo o real. Mas, por outro lado, o Fed deve manter este patamar ‘restritivo’ de juros até que a inflação recue de forma sustentável”, avaliou Bergallo.

Já o Banco Central decidiu na quarta-feira manter a Selic em 13,75% ao ano, sem sinalizar um possível corte futuro da taxa básica como tem sido cobrado pelo governo Lula, e reiterou que não hesitará em retomar o ciclo de aperto monetário se necessário, apesar de ponderar que um cenário de novos aumentos nos juros agora é “menos provável”.

“Não houve grande mudança na mensagem; ela apenas foi melhor explicada, então é natural que o mercado não veja motivos para ter uma reação muito forte” ao comunicado do Copom, disse Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV.

O nível alto da Selic torna o real atraente para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam dinheiro emprestado num país de juros baixos e aplicam esses recursos num mercado mais rentável, de forma a lucrar com o diferencial de taxas.

No entanto, alertou Padovani, “tem que lembrar que há outros dois fatores que afetam (negativamente) o real: a queda nos preços globais de commodities e o aumento do risco com a desaceleração econômica em curso; é uma história para os próximos meses”.

Investidores têm mostrado preocupação ainda com o cenário fiscal doméstico, em meio a dúvidas sobre a viabilidade do novo arcabouço para as contas públicas proposto pelo governo.

Na véspera, a moeda norte-americana caiu 1,06%, a 4,9926 reais na venda.

(Edição de Isabel Versiani e Camila Moreira)

tagreuters.com2023binary_LYNXMPEJ430H5-BASEIMAGE