O dólar interrompeu uma sequência de seis sessões consecutivas de baixa e fechou a quarta-feira, 14, em leve alta ante o real, com parte dos investidores recompondo posições compradas na moeda norte-americana no Brasil, em um dia de sinais mistos para a divisa dos EUA no exterior.

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Após ter acumulado queda de 5,09% em seis dias úteis, o dólar à vista fechou a quarta-feira em alta de 0,37%, cotado a R$ 5,4691. Em agosto, a moeda norte-americana acumula baixa de 3,30%. Veja cotações.

Às 17h02, na B3 o dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,22%, aos R$ 5,4800.

O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, perto da máxima histórica, endossado por dados de inflação nos Estados Unidos reforçando a perspectiva de corte dos juros pelo Federal Reserve em setembro, enquanto uma bateria de resultados também ocupou as atenções.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,69%, a 133.317,66 pontos, na sétima alta seguida, maior patamar de fechamento desde 28 de dezembro de 2023.

O recorde histórico de fechamento do Ibovespa foi registrado em 27 de dezembro do ano passado, quando terminou o dia aos 134.193,72 pontos. No dia seguinte, chegou à máxima histórica intradia de 134.391,67 pontos.

Na máxima do desta quarta-feira, o Ibovespa chegou a 133.777,18 pontos. Na mínima, a 132.112,23 pontos.

O volume financeiro alcançou R$ 63,476 bilhões, em sessão marcada pelos vencimentos de opções sobre o Ibovespa e de contrato futuro do índice.

O dólar no dia

Pela manhã, o destaque foi a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em julho, que aumentou 0,2%, depois de cair 0,1% em junho. Nos 12 meses até julho, o índice aumentou 2,9%, após avanço de 3,0% em junho, conforme o Departamento do Trabalho.

Economistas consultados pela Reuters previam que o CPI aumentaria 0,2% no mês e 3,0% no comparativo anual.

Os números dentro do esperado permitiram que o dólar continuasse no movimento mais recente de queda ante o real, o que fez a moeda à vista atingir a cotação mínima de 5,4289 reais (-0,37%) às 9h55, já após a divulgação do CPI.

“Com o dólar mais barato, houve certa recomposição de posições por parte de investidores, o que fez as cotações ganharem força”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Essa recomposição de posições compradas (no sentido de alta do dólar) no mercado futuro — o mais líquido no Brasil e, no limite, o que determina as cotações no segmento à vista — recolocou a moeda norte-americana no território positivo. Às 14h09, o dólar à vista marcou a máxima de 5,4879 reais (+0,71%).

No restante da tarde o dólar à vista oscilou em alta, mas pouco se distanciando do nível de fechamento da véspera. O movimento limitado estava em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana não tinha um viés único. No fim da tarde, o dólar subia ante o peso chileno e o dólar australiano, mas cedia em relação ao peso mexicano e o peso colombiano.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024.

O dia do Ibovespa

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% no mês passado, com a alta em 12 meses ficando em 2,9%, enquanto economistas consultados pela Reuters estimavam alta de 0,2% no mês e de 3,0% no comparativo anual.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o CPI subiu 0,2% em julho e 3,2% em 12 meses — menor aumento anual desde abril de 2021.

De acordo com o economista-chefe da Azimut Brasil, Gino Olivares, os números combinados aos dados de inflação ao produtor na véspera são suficientes para afirmar que o processo de desinflação foi retomado nos EUA.

Assim, acrescentou, consolidam o cenário necessário para Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed iniciar um processo de afrouxamento monetário na sua próxima reunião, em 17 e 18 de setembro.

“Porém, a magnitude dos cortes e a intensidade do ciclo dependerão da leitura que o colegiado fizer da situação e perspectivas do mercado de trabalho americano, cujos resultados para o mês de agosto serão divulgados no início de setembro.”

Em Nova York, o S&P 500, referência do mercado acionário norte-americano, fechou em alta de 0,38%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA recuava a 3,839% no final da tarde, de 3,854% na véspera.